Um ano e meio pós 25 de Abril, Portugal assistia a uma onda de nascimento de Associações Culturais e Recreativas que antes de 25 de Abril de 74 teriam muito menos hipóteses de nascer livremente. Lino Arsénio Ribeiro, residente na Manobra e construtor civil em Lisboa e com largas influências de amizade com o então Governador Civil de Santarém veio a saber que havia dinheiro para financiar a construção de um edifício de raiz em Alviobeira, bastando para tal constituir uma Associação ou Centro Cultural e na altura até se pensaria que o mesmo viesse um dia a ser um lar. Sonhos que jamais no campo social nesta terra germinaram. Veio à pressa a Alviobeira, uma aldeia pouco disperta para estas coisas e como forma de agregar toda a freguesia em torno do projecto e essa foi uma ideia de mestre. Logo convidou o Manuel Leal da Ronfeira/Alviobeira, carteiro de profissão e grande amigo do associativismo e que na altura lutava, ou encabeçava uma luta de a Igreja querer vender o antigo Passal do Padre, local onde hoje se encontra o edifício. Nos convites Lino Arsénio do Casal Velho convidou Albertino Lopes, do Freixo António Vicente da Silva (António da Ferradura) de Alviobeira; Manuel Gonçalves que tinha sido regedor da terra e deposto no pós 25 de Abril, de Ceras o Francisco Rosa dos Santos e o Luís Ferreira Rodrigues. Do Chão das Eiras o Elias Pedro Godinho e do Casal Velho Manuel Maria Dias que era construtor em Lisboa. Oficializaram a escritura em 31 de Dezembro de 1976 e o subsídio foi atribuído na altura de elevado valor, uns meses depois, tendo ele tratado de toda a burocracia, candidatura e os restantes sócios fundadores lá foram angariando sócios. Com altos e baixos e demora no arranque das obras e quase que um afastamento forçado do mentor da obra, quando já havia dinheiro, o que levou anos e anos depois ao seu afastamento. O edifício nasceu e para a época só tinha comparação a Associação da Igreja Nova um edifício com 4 pisos. Ou seja um excelente edifício, paredes meias coma sede da junta, mesmo no meio do lugar de Alviobeira e que anos mais tarde se veio mostrar que não foi a melhor escolha do local mas foi a possível, atendendo ao terreno que tinham conseguido reverter para o Povo, já que a Igreja ou Comissão Paroquial dado haver residência do padre nos Casais, não necessitava do antigo “passal” e que o queira vender. Ao longo dos anos, muitas direcções passaram pelo Centro, o mesmo com altos e baixos teve sempre portas abertas, grandes dinamizações culturais foram feitas; o rancho de Alviobeira ali faz os seus ensaios semanais e e muita actividade como o festival e Folclore entre outras e, pode-se dizer que ainda bem que foi feito. Nesta comemoração dos 41 anos ( feitos há menos de um mês) a direcção vigente, presidida por Carlos Silva e com uma equipa cheia de garra, resolveu e achou por bem homenagear os fundadores. E como fundadores só há dois vivos – Luís Ferreira Rodrigues e António Vicente da Silva, foram chamadas as famílias em sua representação e descerrado um quadro com as fotos dos fundadores, para memória futura e marcar aqueles que fizeram parte da escritura de constituição, seguido de um almoço. E com os convites a outros membros das associações da agora União de Freguesias, à Câmara e Junta, a casa encheu com 180 pessoas, ou seja não cabia uma “agulha” no salão do r/c.
Foi um dia de festa de convívio, de emoções, de lágrimas do José Júlio Ribeira Marques que se emociona muito de muitos protocolos e de discursos longos e enfadonhos, em que em vez de discursar o presidente do centro, da Junta e o representante da Câmara, segundo nos foi transmitido tudo gosta de botar discursos de dizer umas palavras de circunstâncias, de alancar lugares comuns em palavras bonitas e que merecem sempre muitas palmas e em que o Padre Mário Duarte e um dos grandes ombreiros e dinamizadores anos mais tarde nesta freguesia, também usou e bem da palavra numa terra que é “muito sua” e que muito lhe deve. No essencial foi um dia de memória, de relembrar quem deixou algo para gerações futuras! E este relembrar de memórias merece, a quem teve a ideia de um público elogio, já que num dos meus mandatos como membro da Assembleia de Freguesia, e quando Alviobeira era freguesia autónoma, por deliberação por unanimidade foi atribuído o nome da Rua Principal da aldeia a António João Antunes, (logo após sua morte) que foi presidente de Junta da Comissão instaladora pós 25 de Abril e eleito sucessivamente até1994 durante 20 anos. Porém até hoje o nome gravado em placa jamais foi colocado. Será que a exemplo do Centro que recordou e homenageou os que fundaram o Centro daqui aos mesmos anos a Junta da agora União de Freguesia de Casais/Alviobeira ou quem vier a reviver a história local a isso se lembre?
Hélder Henriques vereador presente neste aniversário, relembrou que como oficial militar no ativo e colocado na Arquivo Histórico Militar fez a recolha, há uns cinco anos, de um dos maiores vultos da I Guerra Mundial e natural e Alviobeira o general Bernardo Faria e Silva que poucos em Alviobeira sabiam da história e que tendo nome em Avenida em Tomar, na sua terra Natal – Alviobeira – tem o nome numa ruela e só muitos mais anos, após a sua morte atribuído! Está visto que por aqui os reconhecimentos são sempre muito demorados, mas tarde é que nunca vêm! Quanto ao Centro que venham mais aniversário e com pujança! António Freitas