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TOMAR – Associações de estudantes da ESSMO e da Jácome Ratton alertam para situação «catastrófica» na saúde mental dos alunos, pedem mais qualidade e quantidade nas refeições e… mais funcionários nas escolas

As associações de estudantes da Santa Maria do Olival e da Jácome Ratton querem uma «escola mais democrática». Os alunos promoveram um ‘Manifesto’ reivindicativo para as condições no ensino básico e secundário da cidade de Tomar, no que é considerado como «uma união de esforços sem precedentes» entre as Associações de Estudantes «no sentido de fazer valer os interesses, os valores e os direitos dos alunos das escolas em causa e dos jovens da cidade». O documento será apresentado formalmente nesta sexta-feira, a partir das 19 horas, na Sede da Junta de São João Baptista. Entretanto, a Hertz falou com André Pereira, primeiro-secretário da Associação de Estudantes da Escola Santa Marial do Olival, que apontou para as prioridades que os alunos querem ver cumpridas:

Uma das reivindicações dos alunos centra-se nas refeições escolares. André Pereira não hesita em afirmar que está em causa a quantidade e a qualidade do que é servido aos jovens, reforçando que a componente ‘qualidade’ «não está de acordo com o que deveria ser»:

No manifesto em causa, as associações de estudantes alertam para a questão da saúde mental, classificando a situação como «assustadora». Em declarações à Hertz, André Pereira fala mesmo num cenário «catastrófico» e centra-se num estudo realizado na Jácome Ratton, onde 23% dos 127 inquiridos… disse já ter pensado em suicídio:

MANIFESTO DO ESTUDANTE POR UMA ESCOLA MAIS DEMOCRÁTICA
«O “Manifesto do Estudante: por uma escola mais democrática” é um documento reivindicativo dos estudantes do ensino básico e secundário da cidade de Tomar. Através de uma união de esforços sem precedentes entre as Associações de Estudantes da Escola Santa Maria do Olival e da Escola Jácome Ratton no sentido de fazer valer os interesses, os valores e os direitos dos alunos das escolas em causa e dos jovens da cidade, apresentamos este manifesto. Como é característico de um manifesto, temos este documento como um instrumento para perceber e analisar problemas estruturais e conjunturais das escolas e oferecer, de forma construtiva, soluções que vão de encontro não só aos interesses dos alunos, mas também ao encontro daquilo que será uma escola melhor, mais eficiente e mais democrática. Para isto, apresentamos um manifesto com quatro pontos de destaque, ou seja, quatro prioridades as quais dispostas por ordem de prioridade:

• Garantir que os alunos têm um representante no conselho pedagógico da escola;
• Garantir um apoio real e eficaz à saúde mental dos alunos tanto na escola como fora dela;
• Reforçar o número de funcionários e de pessoal não docente nas escolas;
• Reforçar as condições técnicas da escola;

Esta proposta feita pelos alunos e para os alunos é não só uma manifestação de interesse por parte dos jovens naquilo que é a intervenção dos mesmos no contexto escolar, mas também um passo em frente no que diz respeito aos direitos dos alunos e da comunidade escolar. A importância de garantir a democraticidade das escolas parece-nos essencial na medida em que é, não só, uma forma de tornar as decisões diretivas mais céleres e encaixadas naquilo que são as necessidades dos alunos, como também é uma forma de promover uma perceção melhor dos órgãos decisórios por parte de toda a comunidade escolar, sendo isso algo extremamente necessário tanto para a instituição de ensino como para a democracia. Assim, consideramos necessário que se abra espaço para que os alunos tenham, através das associações de estudantes democraticamente eleitas, representação nos conselhos pedagógicos de cada escola. Para além disso, é importante destacar o papel da escola como um prestador de um serviço público essencial ao desenvolvimento de uma sociedade e à sua mobilidade social. Dito isto, os alunos, sendo os principais usufruidores desse serviço, têm um papel de destaque naquilo que é a defesa desse mesmo serviço público. Neste sentido, é sentida por parte dos alunos que as instituições de ensino têm dificuldades em cumprir de forma distinta o seu papel devido à falta de pessoal não docente. Sabendo nós que esta medida exigiria um esforço financeiro, sabemos também que a gestão do pessoal tem também importância naquilo que é a solução desta problemática, considerando que esse processo exige uma maior agilização. Assim, achamos necessário um reforço no número de funcionários nas escolas. Atualmente, é assustador o número de jovens que possui algum problema ou transtorno de foro psicológico. As proporções deste problema são avassaladoras para aquela que será a próxima geração trabalhadora, os líderes do nosso futuro. Contudo, parece-nos evidente que existem formas de suavizar esta problemática, mas tudo tem de começar já e as escolas têm um papel crucial neste envolvimento. É fundamental a existência de apoios, apoios esses que apesar de não serem inexistentes são insuficientes e funcionam de maneira ineficiente e ineficaz. Por essa razão, é fundamental garantir um apoio à saúde mental dos alunos que seja eficiente, competente e proveitoso para, dessa maneira, apostar e melhorar a qualidade de vida dos jovens tornando o amanhã melhor para toda a sociedade. Como já referido anteriormente, a escola enquanto serviço público desempenha um papel imprescindível na sociedade. Dito isto, é também evidente que só é possível um desempenho satisfatório desse papel se estiverem garantidas todas as condições tanto em termos de condições técnicas como de recursos humanos. Tendo já referido as nossas necessidades em termos de reforço de meios humanos, parece-nos também de destacar as necessidades dos estabelecimentos de ensino no que diz respeito às suas condições técnicas. Assim e tendo em conta a marcada diferença entre as duas escolas neste aspeto, parece-nos importante reforçar os meios técnicos de ambas as escolas de modo a proporcionar as melhores condições em atividades letivas e não letivas dentro da escola. Assim sendo, consideramos estes quatro aspetos essenciais naquilo que é a melhoria da qualidade de vida dos jovens. Este “Manifesto” é, para além de uma reflexão cuidada sobre estas problemáticas, uma forma dos estudantes e jovens a cidade de Tomar marcarem uma posição no que diz respeito ao seu papel interventivo dentro da cidade e das instituições de ensino em causa. O objetivo deste documento transcende a exposição de problemáticas e queixas de alunos. O objetivo deste documento é apresentar soluções e contribuir ativamente para as mesmas. O desejo de uma escola mais democrática é consequência da crença de que a democracia é a forma mais justa e eficaz de reger uma sociedade, sendo desejável torná-la vigente em todos os órgãos de caráter público. Assim, apresentamos o “Manifesto do Estudante: por uma escola mais democrática” tendo em vista unicamente promover a cultura democrática entre os jovens e a sociedade civil e melhorar a qualidade de vida dos alunos e jovens da cidade, sendo esse o nosso único propósito!».