Início CULTURA ACTUALIDADE – “Só carne de cabra já velha dá boa chanfana”

ACTUALIDADE – “Só carne de cabra já velha dá boa chanfana”

O conhecido advogado e agora tomarense João Henriques Simões e deputado municipal, nasceu em Moinhos – Vila Nova de Poiares e como bom poiarense adora o seu concelho e a gastronomia pelo qual se afirmou – a chanfana. Daí ter incutido que se promova uma ida todos os anos de um grupo de amigos tomarenses e amantes de gastronomia diversificada à que se institulou “capital Universal da Chanfana” e faz honras de acompanhar o grupo ou não fosse confrade de honra. Mais uma vez e após ter encerrado a semana gastronómica da Chanfana, o grupo viajou até Poiares e no Restaurante Confrade a recepção feita pelo confrade Pedro Santos, na presença de confrade de honra, João Manuel Henriques Simões. Na sala, mais comesais vindos de outras regiões do país, como Miranda do Douro, que de verdae a gastronomia diferenciadora, aliado à uma boa divulgação, arrasta visitantes. Dizia a Dª Lurdes cozinheira do Confrade que só abre nest altura e também cozinheira na Casa dos Frangos de Medas “andei 18 dias a cozinhar uma média de 85 Kg de Chanfana, por dia, no forno a lenha, com duas fornadas diárias, que depois são refrigerados e aquecidos, no dia e hora de serem servidos, com grelos de nabo e batata, cozinhados na altura” A carne, refere, é comprada a 4,5 Euros o Kg em talhos da vila e depois temperada vai ao forno durante quatro horas cozinhar em vinho”. A pesar do preço barato, refira-se da carne de cabra que deve ser cabra velha, uma refeição completa para um grupo fica-se pelos 17 Euros e a “Chanfana” mexe e de que maneira com a economia do concelho e durante este mês de Janeiro/Fevereiro nos oiito restaurantes são servidos umas toneladas de “Chanfana”.

Vila Nova de Poiares, atravessada pela estrada da Beira a Nacional 17 que fazia parte da rota de todos os emigrantes, há uns anos, nos percursos rodoviários, antes das vias rápidas, a “dois passos ” de Coimbra volta sempre aestar na rota dos apreciadores da chanfana. Denominada “capital universal”, a vila poiarense exibe com orgulho, dentro e fora do país, o emblema desta especialidade gastronómica. Todos os anos, esta mostra gastronómica evidencia a dinâmica que caracteriza o concelho, fruto de um produto “divino” que ajuda a despertar os sentidos para uma singular degustação de um prato preparado à base de carne de cabra, mas por um método muito próprio das regiões da beiras. Organizado pela Confraria da Chanfana, o certame é distribuído por oito unidades de restauração locais e, todos os anos, atrai várias milhares de visitantes, sendo também obsequiados com outras iguarias típicas de Poiares, nomeadamente o arroz de bucho e os negalhos. A par disso o conhecido doce regional poiaritos, «uma inovação da Confraria da Chanfana tem vindo a afirmar-se a cada ano que passa aquém e além fronteiras da fronteira concelhia», refere a mordomo-mor Madalena Carrito. A carne suculenta em caçoila de barro preto é imagem de marca gastronómica e a gastronomia, cada vez mais é um fator de atração importante que, no seguimento da política definida para o turismo, importa explorar, recuperando os hábitos e costumes da população. Este prato típico de origem serrana, que nas nossas comunidades emigradas tão conhecido é, e não se faz mais por falta da “matéria prima” denominado chanfana tornou-se um prato típico que terá tido origem entre as gentes serranas de um vasto território.

É um prato é muito apreciado em qualquer época do ano, embora seja associado, ainda às festividades religiosas anuais, aos casamentos tradicionais que, ainda atualmente, se realizam não prescindem da chanfana na ementa, motivo porque era designada “Carne de Casamento”. De acordo com as gentes das terras, há um fator extremamente importante para o sucesso destes pratos, que se prende com as condições de cozedura: tanto a chanfana, como os negalhos são cozinhados em “caçoilas de barro” tapadas com diversas folhas de couve e em vinho tinto em forno a lenha durante várias horas e a carne tem que ser de carne de cabra “velha”. O fator determinante para obter o ponto ideal de fervura é o forno de lenha. Após o repasto, João Henriques Simões fez questão de levar o grupo a visitar a casa solarenga da família que ardeu no último incêndio (onde nasceu e foi construida em 1898 pelo seu bisavô) e a capela privada da terra e propriedade da família, dedicada a Santa Rita e que por milagre escapou as chamas. Depois da Chanfana, em preparação a Rota da Lampreia no Alto Minho em 24 e 25 Março e do Cabrito estonado de Oleiros lá para Abril.

António Freitas