Está a decorrer, até 26 de Fevereiro, a exposição de livros artísticos: “Expo Codex. Gigas”, de Ana Bela Pereira. A autora, nascida há mais de meio século numa aldeia ribatejana onde se vivia das artes das peles e de beber vinho, herdou dos avós o gosto pela leitura e o reconhecimento da dignidade dos livros que só os analfabetos e os bons leitores lhes atribuem.
Foi a seu tempo Julieta e Dulcineia, Penélope e Helena, Ana e Ema, Wendy e Alice e até Cinderela e Branca de Neve. Das Letras que cursou na capital ficaram muitas memórias de um mundo novo até então desconhecido, alguns ensinamentos literários tornados inúteis e a vontade indómita de ensinar, que o tempo e os paradoxos foram lapidando.
Do mestrado em Educação feito depois de vinte e cinco anos de docência ficou a certeza de que todo o ensino é hipocritamente ideológico e a educação é demasiado conspícua para ser deixada nas mãos dos professores. Quem ama a leitura e os livros inevitavelmente acaba numa biblioteca e às funções de professora bibliotecária que passou a desempenhar uniu-se o gosto pela arte do papel e a recriação de livros em grande formato. Ainda assim, em vez da eloquência do anglicismo scraping prefere dizer que simplesmente gosta de dobrar papel. De dobra em dobra até que a resistência dos mais novos aos livros e à leitura se dobre!
Codex Gigas: entre 094.1 e 098.3 – Codex Gigas é o maior manuscrito medieval do mundo com os seus 22 cm de largura e 92 cm de altura, também conhecido como a Bíblia do Diabo, criado por volta de 1300 d.C.. Codex Gigas é também o título de uma exposição de livros em grande formato feitos de dobras sucessivas de papel que procura dobrar a redobrada resistência dos mais jovens à leitura. www.cm-abrantes.pt
