No seguimento do “Arte à porta”, um projeto artístico implementado no núcleo antigo da vila de Oleiros, o município está a afirmar-se como polo de atração cultural. Ao conjunto destas 36 intervenções de artistas sobre as portas, portões e fachadas de imóveis, juntam-se dois murais que decoram ainda mais a vila. Rosa Afonso e Rosário Bello são as artistas que assinam estas duas produções elaboradas na fase da pandemia e que ampliam o denominado roteiro “Arte à porta”. O Município encara a arte urbana como um “valor cultural, acessível a todos, que dá cor ao edificado e que permite aos artistas mostrarem a sua arte. Em Oleiros esta expressão artística na rua é já um valor acrescido no nosso programa turístico”. Rosa Afonso assina o mural em cerâmica que tem uma forma original. “Estava a pintar uma das portas, quando fui desafiada pelo presidente da Câmara a elaborar um painel sobre a aventura do padre António Andrade”, explica a artista com atelier em Oleiros há 32 anos. Foi a sua primeira experiência do género. Recebido o desafio, estudou a vida do jesuíta oleirense que ficou na história como o primeiro europeu a chegar ao Tibete em 1964. O astrolábio, “talvez o instrumento mais importante da expedição”, descreve a autora, acompanha o mural que tem uma forma fora do comum, representando duas montanhas alusivas às dificuldades de relevo dos três meses de viagem até chegar a Chaparangue (Tibete). A obra pode ser vista na subida para a Igreja Matriz, numa parede de xisto situada na Rua Dr. Francisco de Albuquerque. À entrada do edifício das Devesas Altas, em Oleiros, encontra-se outro dos murais que integram esta “galeria de arte ao ar livre”, tendo a assinatura de Rosário Bello. Nesta obra, a artista desenhou vários elementos ligados à identidade e histórias do concelho, como as ribeiras, a agricultura, o lenhador, as uvas do Vinho Callum, os potes de barro, a ponte, entre outros. “Idealizei o painel com os elementos que o município me forneceu e a partir daí foi feita a composição. Tive liberdade total e sinto-me muito satisfeita por, embora ter uma dezena de murais expostos em Castelo Branco, Nisa e Idanha-a-Nova, ter uma obra minha exposta em Oleiros”, declara a autora. As artistas elogiam a iniciativa do Município em colocar “a arte à vista de todos” já que “nem toda a gente vai a um museu, a uma galeria ou a uma exposição e neste caso, os murais são um ponto obrigatório de paragem para a contemplação artística”, considera Rosa Afonso. Para além destes dois murais em cerâmica, na traseira da Igreja Matriz está representada a padroeira da vila, Nossa Senhora da Conceição, um trabalho assinado por Odeith, graffiter português internacionalmente premiado