O talento salta-nos à vista logo no primeiro contacto. Peças em barro divertidas e criativas e pinturas a aguarela que mais parecem fotografias. A cerâmica de Ana e as aguarelas de Francisco estão em exposição desde o mês de setembro na Galeria Santo António, em Vila Nova da Barquinha. O casal Dias ocupa agora este novo espaço, onde trabalham diariamente ao vivo e expõem as suas peças, junto à Igreja Matriz. No dia 1 de maio de 2017 mudaram-se para o concelho de Vila Nova da Barquinha, onde encontraram a tranquilidade para desenvolver a sua arte, mais concretamente no Cafuz, Praia do Ribatejo. Deixando a Ericeira para trás, foi aqui que resolveram fixar-se, depois de “namorar” o terreno via Internet. Após um ano de instalação e adaptação do novo lar aos requisitos profissionais, estão agora a trabalhar em pleno, expondo o fruto do seu trabalho bem no coração da sede de concelho.
Ana Dias desde jovem que sentiu atração pelas artes e um desejo grande de se exprimir de forma artística. Autodidata, iniciou a sua atividade criativa em 1981. A sua primeira peça foi esculpida numa barra de sabão. Só depois experimentou o barro para dar forma a um presépio, material com que trabalha até aos dias de hoje. Todas as suas peças figuradas são feitas à mão na sua totalidade. “De um pedaço de barro que pego, amasso e dou forma, à qual tento imprimir alma e sentimento através de expressões. A minha inspiração é a vida, motivo de muitos temas”, refere Ana Dias. Desde 2005 tem vindo a participar em diversas feiras de artesanato, concursos e exposições, nas quais trabalha sempre ao vivo para mostrar como é feita uma peça do princípio ao fim.
Francisco Salgado Dias nasce em 1962 em Lisboa, entre pincéis, tintas e telas. Nos tempos de escola não gostava de artes. Mais tarde, uma obra de aguarela de um pintor australiano causo-lhe tamanha admiração, que o inspirou a fazer algo do género. Foi assim que deu os primeiros passos na Aguarela. Filho do pintor Salgado Dias, de quem herdou a técnica e o gosto pelas Artes, foi na área do desenho de construção mecânica e depois no desenho para construção civil que começou a sua vida profissional, em 1982, atividade que lhe mereceu os mais rasgados elogios. Desafiado por Ana para decorar o seu atelier de cerâmica, pintou na altura alguns retratos a pastel. Nunca mais largou a pintura. Desde então assumiu a Aguarela como a sua técnica principal, pintando para coleções particulares e participando em várias exposições. Francisco Salgado Dias sente a cor que se esconde na transparência da água, sentindo-a, pintando-a… dando-lhe nova luz… nova vida.
A antiga escola primária junto à Igreja Matriz alberga há cerca de um ano as Indústrias Criativas, como o Atelier de Mona Martins, na sala ao lado, dedicado ao figurino e à costura. Ali são criados e executados diariamente trabalhos para as mais reputadas empresas nacionais e internacionais, como por exemplo mascotes de conhecidos canais de TV, bancos e cadeias de hipermercados. O edifício, propriedade do Município, foi concessionado no âmbito do desígnio da Câmara Municipal de tematização de toda a zona ribeirinha da sede de concelho num projeto cultural, criando uma dinâmica em torno das artes e atraindo os milhares de visitantes do Castelo de Almourol. Texto e fotos: Pérsio Basso
