O vereador Carlos Ramos entregou o pelouro da Protecção Civil do Município de Torres Novas depois de ter sido indevidamente vacinado contra a covid19. A indicação foi confirmada pela Concelhia do Partido Socialista, através num comunicado publicado na rede social ‘Facebook’. Ainda assim, o eleito do PS, precisamente, não apresentou o pedido de demissão, posição que já mereceu duras críticas da oposição, em especial do Partido Social-Democrata, que exige, agora, que o presidente da autarquia, Pedro Ferreira, retire «todos os pelouros ao vereador, passando o mesmo ao regime de não permanência». Recorde-se que Carlos Ramos foi vacinado ao aproveitar uma ‘sobra’, isto quando não pertence a qualquer grupo de risco e nem sequer desempenha funções que lhe permitam a administração do medicamento. No referido comunicado, o Partido Socialista «manifestou a sua total discordância com esta atitude do vereador com o pelouro da Proteção Civil. Entende que a mesma violou princípios éticos, apesar da ausência de normas oficiais para as vacinas sobrantes à data da tomada da mesma. A gestão das vacinas, incluindo as “sobras”, não foi nem é da competência do município. A tomada da vacina resultou de uma decisão individual».
Eis o comunicado do PS:
«Ouvida a Comissão Política do Partido Socialista de Torres Novas, consciente da sua responsabilidade em assumir princípios que nortearam a criação do Partido, designadamente no tocante à ética, à solidariedade social e à defesa dos direitos humanos, reconhece com inquestionável orgulho, a ação desenvolvida ao longo de vários mandatos pelo Partido Socialista na gestão da Câmara Municipal. Confrontados com a tomada da vacina para a Covid-19, de forma voluntária por parte do vereador com o pelouro da Proteção Civil, sobrante numa instituição onde todas as pessoas foram vacinadas, foi entendimento do citado órgão que a mesma deveria ter sido aplicada noutra pessoa de maior risco de saúde e dentro das prioridades oficiais. A Comissão Política do Partido Socialista de Torres Novas manifestou a sua total discordância com esta atitude do vereador com o pelouro da Proteção Civil. Entende que a mesma violou princípios éticos, apesar da ausência de normas oficiais para as vacinas sobrantes à data da tomada da mesma. A gestão das vacinas, incluindo as “sobras”, não foi nem é da competência do município. A tomada da vacina resultou de uma decisão individual. Nesta fase da audição da Comissão Política, o vereador em causa, reconheceu o erro de avaliação da circunstância e voluntariamente entregou o seu Pelouro da Proteção Civil ao Presidente da Câmara. Importa esclarecer que juridicamente a manutenção do mandato autárquico de cada vereador não depende do Presidente da Câmara, nem de qualquer outro órgão autárquico, mas apenas do respetivo titular eleito. A grave situação atual que vivemos do ponto de vista da saúde pública exige responsabilidade ética, social e política, ação e serenidade. Acreditamos pelas provas dadas que o senhor Presidente saberá liderar o setor da Proteção Civil, assim como todos os restantes, com competência, experiência, resiliência, proximidade e respeito com o objetivo de continuar a consolidar o concelho de Torres Novas como um território inclusivo e com Futuro!».
PSD exige retirada de pelouros
«Na sequência das sucessivas chamadas de atenção do PSD sobre o assunto, a comissão política do Partido Socialista de Torres Novas veio, finalmente, pronunciar-se sobre a vacinação indevida do vereador Carlos Ramos, num comunicado que verificámos com estranheza ter sido também assinado pelo presidente da Câmara Municipal e onde, não só se reconhece o sucedido, como se reforça a gravidade daquilo que se declara ter sido uma decisão exclusivamente individual e na qual os restantes elementos não se reveem. No mesmo sentido, foram as palavras do presidente do município que, em entrevista a um meio de comunicação local, reafirma a não concordância com a decisão tomada pelo membro do seu executivo. Perante os esclarecimentos vindos a público, que, desde logo pecam por tardios, consideramos que não foram retiradas as devidas conclusões políticas desta atitude do vereador, com a qual o PS, e citamos, “manifestou a sua total discordância”, entendendo “que a mesma violou princípios éticos”. Face ao exposto, entende a comissão política do PSD de Torres Novas que o teor dessas declarações isolam de forma inequívoca o vereador Carlos Ramos no seio do partido e dentro do executivo municipal. A mera renúncia ao pelouro da proteção civil não é suficiente. À semelhança, aliás do sucedido em casos análogos noutros pontos do país, consideramos que a única saída possível para esta situação era a de um pedido de demissão do cargo de vereador. Não tendo a mesma sucedido, deveria de imediato o executivo municipal, sobre proposta do presidente retirar todos os pelouros ao vereador, passando o mesmo ao regime de não permanência».