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TOMAR – Uma verdadeira descamisada e que faz juz ao nome da aldeia: Chão das Eiras

Pode não haver já trigo, centeio ou favas para malhar nas eiras no Chão das Eiras, Tomar, uma aldeia situado no vale da ribeira de Ceras/Chão das Eiras, nem azenhas para moer o cereal, mas ainda há quem semeie milho e faça uma descamisada “à moda antiga” quando hoje repescamos memórias e os ranchos e bem vão salvaguardando as memórias e práticas dos usos e costumes – as tradições. Um grupo de amigos, ainda jovens, criados no “meio do milho” resolveram semear um bom campo de milho e como as galinhas e frangos criados com estes bagos loiros dão um melhor carne que as que se criam “rapidamente” com farinha, ou as que se compram nos hipermercados, voltaram aos tempos dos pais e semearam o seu milho. Aqui há dois anos o Rancho de Alviobeira recriou o ciclo do milho e por sinal no Chão das Eiras nos terrenos do Manel Alves do Chão das Eiras o semearam, desfolharam, colheram, descamisaram na eira do Joaquim Marques e tudo foi uma festa bem recriada e documentada. Desta vez trata-se de uma sementeira ” a meias” entre as manas Freitas de Ceras, o Indalécio Rodrigues e uns bons alqueires de milho rapidamente foram retirados da “camisa” na eira e houve alegria e animação e os mais pequenos os filhotes viram e brincaram nas “camisas” como antigamente. Oxalá para o ano, mais campos sejam semeados, num vale que do Alqueidão/Ceras à Póvoa, noutros tempos alimentou e criou tanta gente, ficou pessoas, foi uma forma de vida e um sustento. Tempo em que não havia reformas, rendimentos mínimos, Cáritas e estas “novas modas” em que havia pessoas pobres, mas honradas que não pediam – semeavam e colhiam! A descamisada na eira da Deolinda Faria com tantas mãos durou pouco e só faltou a concertina, mas petisco, água pé e sopa de pedra isso não faltou

António Freitas