Aquele que é um dos mais carismáticos carnavais de toda a região está de volta à Linhaceira, no concelho de Tomar, de 6 a 9 de Fevereiro. Já apelidado do Carnaval mais artesanal de Portugal ou de um dos mais simbólicos do país, continua a ser feito com a mesma dedicação e a mesma vontade de brincar de há quase trinta anos, qualidades que têm atraído público e participantes não só do concelho, mas de todos os envolventes.
Herdeiro das melhores tradições do entrudo, que sempre tiveram uma expressão local muito forte, o Carnaval da Linhaceira é também um excelente exemplo de sustentabilidade. Posto de pé pela comunidade local todos os anos, independentemente dos apoios que receba ou não para o fazer, utiliza os recursos disponíveis, nomeadamente estruturas móveis para os carros alegóricos, com um misto de criatividade e engenho que fazem de cada corso uma surpresa memorável. A qualidade desses carros e do guarda-roupa dos figurantes, com pouco da influência brasileira que mina muitos dos mais famosos corsos do país, assim como a imaginação prodigiosa dos seus autores, tem levado, aliás, o Carnaval da Linhaceira ao reconhecimento nacional e a convites para participar em diversas iniciativas fora de portas.
Significativo também é o facto de tudo isto acontecer numa simples aldeia, onde os cerca de um milhar de habitantes acabam por estar envolvidos, de uma forma ou de outra, num acontecimento que atrai um número de forasteiros bem superior. O programa tem o seu ponto alto no domingo, dia 7 de Fevereiro, a partir das 14h30, com o corso carnavalesco, destacando-se igualmente a sugestiva porcalhada, pelas 15 horas de terça-feira, dia 9.
Entretanto, há bailes nas noites de sábado (PA3), domingo (ED+), segunda (Elizabete Serra) e terça (Élsio Nunes). Também a aldeia merece uma visita antes do corso, reparando nos pormenores decorativos e nas placas genuinamente populares onde se comenta, ao melhor estilo do entrudo, a vida local e nacional. O acesso à Linhaceira é muito fácil, a partir da auto-estrada A13 (nó da Asseiceira) ou da A23 (nó da Roda). Texto e foto de Nuno Garcia Lopes