No plano de actividades do Rancho de Alviobeira, o último domingo do mês de novembro é reservado à “Ronda das Adegas”, pelo menos tem sido assim nos últimos seis anos. Refere a directora técnica do Rancho – Manuel Santos”. A actividade nasce no ano em que o rancho realizou o ciclo do vinho com o objectivo de dar a conhecer o “nosso” produto e visitar os lugares onde o mesmo era produzido. No ano seguinte e porque realizámos mais um ciclo, desta vez o do azeite, incluímos na Ronda, uma visita aos lagares, privilegiando o azeite na confecção dos produtos colocados à mesa. No terceiro ano da Ronda das Adegas, incluímos uma passagem pelas antigas escolas primárias da freguesia (Alviobeira, Torre e Cêras) e se nas duas primeiras tivemos a oportunidade de ver o reaproveitamento dos espaços, na escola de Cêras recriamos o ambiente de uma antiga escola primária, com a presença de alunos, professor e com a oportunidade de assistir a uma aula de outros tempos. As adegas dentro da aldeia começaram a escassear e tivemos necessidade de visitar as adegas de terras vizinhas ao mesmo tempo que fomos incluindo outros espaços que achávamos de interesse para uma visita. Passada seis edições, e depois de termos visitado já uma infinidade de espaços, colocava-se o desafio da ronda continuar a ser diferente e interessante. Este ano ao procurarmos os espaços, verificámos que muitos deles embora fossem interessantes e fizessem já parte das nossas memórias e do nosso imaginário situavam-se num época diferente dos finais do século XIX e princípios do século XX, época de representação do Rancho, obrigando-nos a dar uma nova roupagem ao evento. Foi preciso “despirmos” os nossos trajos e vestirmos a roupa adequado aos espaços a visitar, recriando diferentes épocas que foram desde os anos 20 aos anos 70. Assim, para além do trabalho com a limpeza, logística e decoração dos espaços, juntámos o desafio de adequar a roupa às diferentes épocas, o que nos deu uma trabalheira danada, quase proporcional ao prazer proporcionado. Para encontrar a indumentária adequada, recorremos aos nossos baús, às peças de roupa esquecidas nos nossos armários e ao reaproveitamento de algumas peças que fomos descobrindo nos sótãos e guarda fatos de algumas das casas que visitámos e que embora há muito não fossem utilizadas, ali permaneciam à espera do dia em que sairiam novamente do armário prontas a pasmar, a serem cobiçadas e admiradas. Como o conceito continua a ser o de rondar, mas como há muito deixou de ser uma Ronda das Adegas, decidimos este ano mudar o nome do evento, passando a chamar-se “A rondar por aí”. O evento é exigente do ponto vista da logística e da organização, mas é fascinante, principalmente para quem gosta de descobrir, explorar, e de escutar o silêncio das pedras”
10 canecas que não pagam o pequeno almoço – Com um preço muito baixo, já que se passa o dia todo a comer e beber e petiscar, e em que ainda se tem transporte de autocarro, a organização, escolheu 16 locais, o que é demasiado e cansativo para quem organiza e para quem faz a rota. Esta edição teve este figurino: Alviobeira com três locais, começou na Escola dos Artistas, uma passagem pelo Museu Etnográfico de Alviobeira, passou-se à cozinha a lenha do proprietário mais idoso da freguesia – Augusto dos Santos e depois deu-se a sensação que se saiu de Alviobeira e se entrou num jardim de Inverno ou jardim tropical e se viu o investimento cuidado, inserido na natureza e com aproveitamento da água do ribeiro do Freixo, e todo um espaço envolvente; um investimento de Horácio Mendes e sua família- uma paixaão. Depois rumou-se à Manobra, ao Freixo, ao Chão das Eiras às Calçadas de Areias ( já na freguesia de Areias/Pias), à antiga taberna do José Mendes na Portela. Depois já nas Areias, à magnífica Quinta das Valadas do comendador Sérgio Melo, à Quinta do Penedo de um antigo dançarino do Rancho o Célio, visita à Capela das Gontijas, à adega do Manuel Pitanga das Pias e terminou como sempre na Quinta da Runfeira já o crepúsculo se anunciava. Foram 16 locais, 16 emoções, muitos petiscos, quadros de estátuas vivas, danças, encenação de uma casamento à moda antiga ou a aristocracia de ouvir cântigo lírico ao vivo, na Quinta do Penedo. Um evento que se diferencia e que vale mesmo a pena e que juntou cerca de 80 participantes. António Freitas