Quando pensamos, em abstrato, num raio x, na sua imaculada função, sabemos que ele anuncia também o futuro. O futuro é opaco e incerto, mas, por momentos, conseguimos decifrar os sinais que emanam dessa nuvem, carregada de chumbo e de dúvidas. Feridas abertas à especulação e à incerteza, previsões para silenciar o medo ou, pelo contrário, potenciá-lo. Fugir, escapar à transparência opaca do algoritmo e da massa uniforme de informação que controla todos os nossos movimentos, eis o desejo secreto que nos invade de cada vez que somos confrontados com a ideia de finitude ou de um vazio trágico e melancólico. É esse instante irrepetível, que se fixa algures no tempo e se vai revelando numa espécie de negativo, como na fotografia, que procuramos imprimir na nossa deriva — sobreposições facilmente identificáveis e destrutíveis à luz do dia. A convite da Arte no Tempo, Nuno Aroso e João Reis juntam-se pela segunda vez para mais uma criação artística em torno da música contemporânea e do teatro. Depois de ‘A Fog Machine e outros poemas para o teu regresso’ [2021], a dupla apresenta ‘Radiografia’: um diálogo de inquietação, metáfora e exploração do fascinante interior (in)visível dos corpos.
Música: Nuno Aroso e Luís Antunes Pena
Texto: João Reis, Andreia C. Faria, Marcelo Félix e Ramiro Osório
Criação e interpretação: João Reis e Nuno Aroso
Encenação: João Reis
Desenho de luz e cenografia: Pedro Fonseca
Produção: Arte no Tempo
Design de comunicação: Carlos Santos
Coprodução: Teatro Aveirense / Câmara Municipal de Aveiro; Teatro Académico Gil Vicente; Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco
Organização: Arte no Tempo / Município de Tomar
Apoio: República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes . RTCP – Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses