Depois de cerca de cinco meses para ser analisada em reunião de Câmara, a proposta do Partido Social-Democrata em torno da redução do Imposto Municipal sobre Imóveis foi rejeitada pelo executivo do Partido Socialista e da Coligação Democrática Unitária. Recorde-se que estava em causa uma redução do IMI, no que diz respeito ao concelho de Tomar, sendo que o objectivo, justificou o PSD, passa pelo «incentivo à natalidade e consequente aumento da população do concelho com alcance directo para muitas famílias e para o desenvolvimento do concelho». O documento propunha que fosse feita uma redução de 10% para famílias com um filho; de 15% para um casal com dois filhos e 20% para famílias com três filhos. Mas a maioria chumbou o documento. João Tenreiro, vereador eleito pelo Partido Social-Democrata, em entrevista exclusiva à Hertz, lamentou o sucedido e confessou-se agastado com a posição de Bruno Graça, da CDU:«Actualmente, com esta gestão de PS/CDU já nada me surpreende. Aquilo que pode ser surpresa, neste momento já é normal para esta gestão. Apresentámos esta proposta no dia 30 de Abril de 2015, tendo em conta a Lei de Orçamento de Estado que previa a possibilidade de haver a redução de IMI tendo em conta o agregado familiar. E quando a apresentámos foi de acordo com a Lei, no sentido de ser discutida na reunião seguinte. A senhora presidente não a quis incluir na ordem de trabalhos e aguardou todo este tempo sem dar qualquer justificação. Porque é que teve tanto tempo para agendar uma proposta como esta? E depois quando chegamos à reunião a proposta é chumbada, com uma declaração por parte do vereador da CDU, esse sim que me deixou surpreendido. Aliás, a gestão da CDU olha para o PSD com uma raiva que não compreendemos. Para além disso, pela parte do PS, temos uma gestão feita por capricho, por capricho também do chefe de gabinete da Câmara, que vai gerindo, em conjunto com a senhora presidente, os destinos de Tomar como ele quer e como bem entende. Quem fica prejudicado com isto é o concelho e as pessoas de Tomar».
João Tenreiro, numa visão mais alargada, considerou que Tomar «está a perder o comboio», justificando esta tese com alguns exemplos. No entender do vereador do PSD, perdeu-se uma oportunidade para ajudar na questão da natalidade:«Sabemos muito bem que esta questão não resolvia a situação da baixa natalidade mas ajudava. E isto porque previa que pessoas que tivessem três filhos beneficiassem de uma redução de 20% na taxa de IMI. Mas a verdade é que não temos esta redução ao contrário de muitos Municípios, como é o caso de Abrantes, que aprovou esta redução no IMI. E é óbvio que os outros Municípios à nossa volta começam a ter mais condições de crescimento que Tomar não está a ter. Com esta gestão do PS, Tomar está a perder toda a importância enquanto capital do Médio Tejo. Temos uma gestão mais preocupada com a propaganda. A questão do IMI que foi aprovada agora em reunião de Câmara, por proposta do PS e da CDU, onde são elevadas para o triplo casos de prédios urbanos que se encontrem devolutos há mais de um ano, no caso de estar em ruinas. Elevar para o triplo sabendo que o mercado de arrendamento está como está e que as pessoas não têm dinheiro… Isto é muito grave».
Recorde-se que PS e CDU não concordaram, então, com a proposta do PSD e chumbaram-na. Em jeito de justificação a esta rejeição, Bruno Graça, vereador da CDU, classificou a medida de «grande hipocrisia política» e recordava que a legislação na base da proposta vai levar a que cada concelho acabe por ter a sua própria fiscalidade.