Depois de nos brindar nas edições anteriores do Mercado à Moda Antiga, com chuva, tempestades, trovoadas, calor intenso, este ano o S. Pedro continuou a fazer das suas e brindou-nos com frio de rachar. Uma frente gelada, vinda não sei de onde invadiu a Rua do Comércio e por lá permaneceu durante todo o dia e nem os raios de sol que apareceram foram suficientes para aquecer o corpo regelado.
Mas se por um lado a sexta edição do Mercado à Moda Antiga foi marcada por um frio constante, que gelou as mãos, os pés e todo o corpo; a alma, essa não foi afectada e permaneceu aquecida pelos gestos de amizade e pela presença de muitos que ano após ano continuam a fazer questão em marcar presença.
É desta presença assídua e permanente que nasce a motivação de tantos, que dedicam, em regime de total voluntariado, horas e mais horas da sua vida a este pequeno “grande” projecto que dá pelo nome de Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira.
De grande envergadura para um pequeno e simples Rancho que vive da generosidade dos componentes, familiares e amigos, o Mercado à Moda Antiga tem uma logística gigante que obriga a uma preparação feita com muito tempo de antecedência, divisão de tarefas, planeamento, organização, força de vontade, total dedicação e envolvimento de toda a comunidade. Muitos são os produtos vendidos no Mercado, na sua maioria obtidos através da generosidade das pessoas e nunca usados como moeda de troca. Já na sua sexta edição, o Mercado à Moda Antiga, este ano e pelo segundo ano consecutivo decorreu a par de uma Mostra de Artesanato no largo do Coval. A animação esteve a cargo da prata da casa com o Grupo de Robertos, do Tomás Rodrigo, do Rancho Infantil de Alviobeira, do Rancho “As Lavadeiras da Asseiceira” e dos amigos João e Paulo com os cantares ao desafio. Animaram ainda o Mercado os pregões e a movimentação que o Rancho de Alviobeira tenta incutir ao mesmo, tentando aproximá-lo daquilo que acontecia à cem anos atrás.
Findo o mercado e passada uma noite mal dormida, porque embora o cansaço seja muito e o corpo esteja praticamente morto a cabeça continua a mil, o primeiro balanço é positivo, o Mercado cumpriu aquilo a que se propõe e embora haja sempre aspectos a corrigir e a melhorar, estamos satisfeitos com aquilo que conseguimos fazer nesta terra tão pequena mas que teima em agigantar-se. Os agradecimentos são sempre muitos, mas os primeiros têm que ser dirigidos à coragem, à ousadia e à generosidade dos componentes do RFEA, estendendo-se à participação da comunidade que com a sua presença premeia as nossas actividades e nos encoraja a continuar. Gostamos deste encontro que se faz olhos nos olhos, de gente que se mistura, que não nos olha de cima mas que se abeira de nós, gostamos desta animação que a Rua do Comércio ganha recordando tempos antigos, dos sons, das gargalhadas, do encontro e do toque, gente que ao participar no Mercado se torna um de nós. Esperamos no futuro, continuar a ter coragem para dar vida ao Mercado à Moda Antiga e que ele seja sempre uma forma de encontro da comunidade e proximidade das pessoas, nesta Alviobeira que acontece! E já agora: “Se fosse fácil não era para nós!” Manuela Santos/António Freitas