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TOMAR – Manuel “Gato”. Antigo operário da Fábrica do Prado completou 102 anos: «Nunca pensei que fechasse… fez falta a tanta gente»

De seu nome Manuel Antunes, todos o conhecem por Manuel Gato, alcunha que refere já vem do seu avô. Seu único filho Manuel, aposentado da Câmara de Tomar, também é conhecido pelo “gato de Jamprestes”. Nasceu em 5 de Dezembro de 1921 em Jamprestes – Chãos – Ferreira do Zêzere. Aos 24 anos foi trabalhar para a Fábrica do Prado, no concelho de Tomar, e por lá labutou 35 anos, trabalhando por turnos e indo e vindo todos os dias a pé, caminho que tomava pelo Carvalhal, Póvoa, até chegar á fábrica. Recorda-nos: «comecei no serviço da casa, depois a empilhar fardos e depois na refinação e nesse tempo trabalhava lá tanta gente, em que iam e vinham a pé. Tantos homens, tantas mulheres, alguns chegavam à fábrica com duas horas nas pernas e se os caminhos naqueles tempo eram jeitosos. Também lá trabalhavam muitas mulheres na escolha do trapo, que era para o papel selado. Já poucos do meu tempo devem estar vivos, mas recordo o diretor Augusto Góis, mais novo que eu, e um bom homem. Nos três dias de serviço da casa recebia por dia e foi o meu primeiro ordenado 21 escudos e ao serviço no cilindro 22 escudos. Era bem bom. Haviam três turnos de dia, tarde e à noite e um dia por semana, quando o turno mudava, entrava às 8h00 e saia às 16H00, vinha a casa, poucas horas descansava e voltava a entrar à meia-noite. Da reforma já me estão a dar mais dinheiro do que recebi nos 35 anos que por lá andei, pois reformei-me aos 59 anos de idade. Nunca pensei que a fábrica viesse a fechar e fez tanta falta a tanta gente”. De seus pais diz que faleceram já idosos, mas nenhum chegou ao centenário. Tem três irmãos ainda todos vivos – a Isabel a Irene e o Jaime. Recorda-nos que tinham e têm uma fazenda no Carvalhal que amanhava e quando saía às 16H00 agarrava-se à enxada que lá tinha e toca de cavar até se fazer noite. “Um ano alqueivei-a toda, semeie lá uma trigada… aquilo é que foi dar trigo” Está viúvo há alguns anos e vive com seu único filho em Jamprestes. Há uns bons anos, pois na Laranjeira o lugarejo quase que já não tem ninguém. Sua esposa teve mais dois filhos, no total de três, em que dois morreram à nascença e vale-lhe o seu Manel e nora que o tratam muito bem. Com uma memória invejável e lucidez, não toma remédios e nunca esteve doente. Queixa-se das pernas. “As malvadas pernas é que me não ajudam”. Come bem, gosta de beber um copinho, do bom, à refeição, mas nunca foi homem de taberna. “Fui um homem de trabalho”. Tem dois netos (uma neta e um neto) e quatro bisnetos. António Freitas