O Presidente da Assembleia de Freguesia da Junta Urbana de Tomar, José Pedro Vasconcelos – eleito pelos Independentes – vai apresentar a demissão das funções que ocupa. A decisão surge na sequência de uma tomada de posição sobre alegadas incorrecções apresentadas nos documentos colocados à discussão na reunião extraordinária daquele órgão autárquico que se realizou esta quarta-feira e que acabaria por ser suspensa. À Hertz, José Pedro Vasconcelos admitiu que esta era uma situação «que se arrastava há muito», referindo que a demissão é irreversível: «Estamos a falar de um processo que se tem arrastado de Assembleia para Assembleia. Tenho tentado apaziguar as partes para se chegar a bom porto. E na última Assembleia já fui visado pelo primeiro e segundo secretário, ambos do PS. E nesta quarta-feira aconteceu precisamente o mesmo. Tentei apaziguar e levar a Assembleia por diante… estava a correr muito bem. Mas o senhor presidente ainda me acusa de não ter reunido com os elementos… Parecia mal da minha parte convocar a Mesa para falar sobre a reunião extraordinária com elementos do PS quando o presidente de Junta é que deveria ter reunido com eles. As águas agitaram-se e eu, a partir daquele momento, disse que iria pedir a demissão uma vez que não havia confiança política dos secretários nem do senhor presidente da Junta. É triste chegarmos a estas conclusões. O senhor presidente da Junta em vez de me ajudar, não senhor, ainda tomou posição para o outro lado. Irei continuar a estar presente nas Assembleias de Freguesia como vogal dos Independentes mas não serei nunca mais presidente da Assembleia. Não lido com pessoas que não têm carácter e não são sérias… ».
Mais em concreto, José Pedro Vasconcelos referiu-se a um requerimento que visava a marcação da Assembleia de Freguesia Extraordinária, texto que refere ter sido aprovado por unanimidade. E é aqui que o eleito lamenta existir a «incongruência»: «O requerimento feito pelo senhor presidente da Junta tem que se aprovado por unanimidade ou aprovado em executivo… Eu não tinha esse documento… Esse documento foi apresentado nesta quarta-feira em cima da hora. Eu li e a correcção que se apanha neste documento é que, no fim, diz que foi aprovado por unanimidade. O senhor Joaquim Palricas pediu a palavra e disse que esteve até ao fim da reunião onde nunca foi discutido, nem aprovado, nem colocado a votação esse documento. Os três elementos do PS disseram que foi discutido e votado, pelo que a incongruência estava na votação por unanimidade. Mesmo assim tentei seguir os trabalhos, colocando à discussão, perante a Assembleia, em seguir com aquilo para a frente… No fim tomei a posição porque houve elementos do PSD que disseram tudo o que fosse votado favoravelmente naquela Assembleia iria cair em não-execução… Não valia a pena estarmos ali a perder tempo. Marcava-se outra extraordinária, com a rectificação daquele documento e os trabalhos seguiam pela normalidade. No fim, altura em que já estavam todos de acordo, o senhor presidente tentou atingir-me não falando verdade, alcunhando-me de não querer cumprir o meu papel. Foi a segunda vez que isto acontece. Por isso, pedi a minha demissão, que é irrevogável».
Refira-se que a Hertz contactou Augusto Barros, presidente da Junta Urbana, que preferiu adiar eventuais declarações se se confirmar a demissão de José Pedro Vasconcelos. Foto LFB