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TOMAR – Investigadores do Politécnico participaram na descoberta de pinturas rupestres na Lousã

Um conjunto de vestígios de pinturas rupestres pós-paleolíticas, descoberto num abrigo rochoso da Serra da Lousã em trabalhos desenvolvidos naquela zona desde 2007, permitiram caracterizar mais incisivamente as comunidades que habitaram o centro de Portugal há milénios. O estudo das figuras decorre há mais de uma década e resultam de uma colaboração entre o Politécnico de Tomar, Instituto Terra e Memória, Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, Museu de Arte Pré-Histórica de Mação e Mestrado Erasmus Mundus em Quaternário e Pré-História e sete investigadores – Filipe Paiva, Sara Garcês (IPT), Hugo Gomes (IPT), Hipólito Collado, Virginia Lattao, Pierluigi Rosina e Luiz Oosterbeek (IPT). Em 2007, Filipe Paiva encontrou no abrigo da freguesia de Serpins, concelho da Lousã, pinturas e material arqueológico, nomeadamente cerâmicas e artefactos líticos. No entanto, o investigador sublinha que foram necessários 15 anos para reunir as condições que permitiram “retomar e ampliar os trabalhos de pesquisa que vieram a revelar uma importância científica e patrimonial inesperada”. As mais recentes descobertas foram concretizadas em 2023, no âmbito de uma tese de mestrado do consórcio europeu de universidades em arqueologia pré-histórica, que inclui o Politécnico de Tomar. Foram identificados dois painéis com “figuras geométricas e digitações de cor avermelhada”, analisadas com recurso a tecnologias inovadoras de registo e edição de imagem. Todavia, os registos encontram-se em mau estado de conservação devido aos incêndios que atingiram recentemente a área do Abrigo da Cascata. Com os dados recolhidos no Abrigo da Cascata foi possível datar as ocupações na região, situando-as no Neolítico e na Idade do Bronze, entre cerca de 3.500 e 1.000 antes de Cristo. “Os motivos são parcialmente idênticos aos que a equipa encontrou junto ao vale do Tejo, nos abrigos do Pego da Rainha, em Mação”, explicou Filipe Paiva. “Estarão, possivelmente, associados a rotas de mobilidade de pastores ao longo do caminho de festo que percorre o topo da serra”, de acordo com Filipe Paiva, cujo achado “foi devidamente registado” no Portal do Arqueólogo, após reconhecimento científico das pinturas esquemáticas por uma equipa do IPT da qual faziam parte os docentes José Gomes, Pierluigi Rosina e Luiz Oosterbeek. O avanço nos trabalhos que arrancaram em 2007 é de grande impacto para a comunidade arqueológica. “A importância do estudo deste abrigo é excecional, com relevante interesse para a compreensão das comunidades que ocuparam o centro interior do atual território português”, acentuou Filipe Paiva em declarações à Lusa.