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TOMAR – Exposição evoca os 120 anos da morte do introdutor da fotografia, António da Silva Magalhães

Foi inaugurada, na última sexta-feira, na Casa Manuel Guimarães, uma exposição de fotografia alusiva aos 120 anos da morte de António da Silva Magalhães, com base no espólio que faz parte do Arquivo Fotográfico municipal, e que tem como título “N’essas sombras subtraídas à Natureza”. Nascido a 19 de Junho de 1834, em Tomar, Silva Magalhães foi o introdutor da fotografia nesta cidade, instalando um atelier na então Rua Direita da Várzea Pequena, e que hoje tem o seu nome. Iniciou a actividade como fotógrafo em 1862, que seria continuada por quatro dos seus nove filhos.

Personalidade de relevo na sociedade tomarense, destacou-se pelas várias atividades a que se dedicou extremosamente. Não se conhecem dados sobre a sua formação académica, pressupondo-se que fosse um autodidata, no entanto, pela qualidade das iniciativas a que se dedicou, necessitaria de uma intensa preparação cultural. Em 1880 fundou o jornal “A Verdade”, do qual foi proprietário, editor e jornalista, até à data de sua morte. Sendo um dos periódicos mais antigos da cidade de Tomar foi impresso na sua própria tipografia, a imprensa “La Merveille”. Esta imprensa foi responsável pela execução gráfica de muitos jornais da época, entre os quais “A Emancipação”, primeiro periódico tomarense.

Em paralelo exerceu a fotografia, profissão da qual se intitulava frequentemente. No jornal “A Verdade”, aparecem diversas vezes anúncios mencionando António da Silva Magalhães como fotógrafo da cidade de Tomar. Dedicou-se também, tal como seu pai, às artes dramáticas. Foi empresário teatral, encenador e presidente do Grupo Dramático Musical Silva Magalhães, fundado em 1894. Com ideais republicanos, fazia parte do Clube Escolar Democrático Tomarense. Ocupou o cargo de vereador da Câmara Municipal de Tomar por vários anos, demonstrando grande vontade de modernizar a sua cidade. É também de realçar a preocupação que nutria pelos bens patrimoniais, levando-o a criar e organizar um museu, onde colecionava peças arqueológicas, de cariz numismático e regionalista. Exerceu ainda atividade na área da agricultura e indústria e foi o introdutor do primeiro automóvel em Tomar. António da Silva Magalhães morreu aos 63 anos de idade, no dia 3 de Março de 1897, devido a problemas cardiopáticos.

A colecção Silva Magalhães – A coleção que dá o nome ao Arquivo Fotográfico municipal chegou ao Município nos finais dos anos 80 do século passado pelas mãos dos seus descendentes – o neto José António de Magalhães Soares e o cunhado deste, Jaime de Oliveira. Compõem-na 5250 espécimes, entre as quais 3800 negativos em vidro e 1500 provas originais executadas em diferentes técnicas fotográficas – albumina, papel direto de colódio ou gelatina e outros processos fotográficos históricos mais recentes, provas em papel de gelatina e prata, na sua maioria reproduzidas a partir dos originais fotográficos por Lopes Cardoso, na década referida. Os exemplares mais antigos de negativos em colódio húmido e provas em papel de albumina, atribuídos a António da Silva Magalhães, representam monumentos, pormenores pitorescos e gentes da cidade de Tomar, no final do século XIX. Os filhos de António da Silva Magalhães também se dedicaram à fotografia. Por isso, Mário Nery de Magalhães é, provavelmente, o autor da maioria dos trabalhos do espólio. Predominam os retratos de estúdio – individuais ou de grupo – que constituem um dos traços mais ricos da coleção, testemunhando trajes da época, fardas, associações populares, profissões, entre outras temáticas.