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TOMAR – Exposição de Engrácia Cardoso no Complexo Cultural da Levada

Será inaugurada no próximo dia 26, pelas 15h00, a exposição “Uma paisagem recortada” da autoria de Engrácia Cardoso, no Complexo Cultural da Levada. A exposição vai poder ser visitada até 15 de maio nos seguintes horários: fevereiro e março – quarta a sexta, 14h00 às 17h00 | sábado e domingo, 10h00 às 12h00 e 14h00 às 17h00; abril e maio – quarta a sexta, 14h00 às 18h00 | sábado e domingo, 10h00 às 13h00 e 14h00 às 18h00.

Sobre a exposição:
Uma reflexão sobre o espaço e as novas formas de o olhar levou-me a desenvolver um projeto no qual sublinho a importância do lugar, a pertença e o reconhecimento de um percurso. Tudo partiu de uma viagem ao longo de um trilho de caminheiros, o ponto de partida para o tema da paisagem cuja chegada é a expansão no espaço interior. A relação natural entre a caminhada e o caminho fez-se por um desenho de formas simplificadas com um olhar riscador, linear, fugaz de gestos livres. A recolha da vegetação do caminho (plantas silvestres, rochas e barro) fez com que a paisagem desse lugar a linhas, manchas e cor. A busca permitiu regressar à sensação de imersão e entrar na paisagem imaginada, um espaço emocional de desenhos e pintura que se expandem na sala. De forma livre e orgânica, os elementos possibilitaram-me usufruir do prazer de desenhar e soltar a mão. Trata-se de uma natureza morta, feita de linhas e manchas, que partiu da recolha de plantas silvestres que encontrei num trajeto entre Portugal e Espanha, o mesmo trilho que foi percorrido por clandestinos que atravessavam a fronteira. A relação afetiva pelo lugar escolhido levou a uma recolha de simbolismo, de um espaço de memórias, de passagem, mistério, sombras e mudança, um lugar de transição e espectativa junto à natureza selvagem, simples, pobre e de rastos esbatidos. Atravessar a narrativa numa conceção metafórica levou-me a transportar a paisagem num processo de ajustamento constante e fragmentado. Ao pensar na carga simbólica de um lugar, da natureza e das palavras que o enunciam transpôs-se a intenção subjacente ao tema. A reprodução pelo desenho de folhas e flores do campo, sublinhou o caminho e despertou a curiosidade que me foi satisfazendo através de descobertas independentes. Diante de uma natureza soberana, a paisagem apresenta-se num espaço pictórico com a intenção da mudança e de seguir o Rumo. Tal como Mark Rothko, defendo que o importante na obra é a capacidade de tocar no que é essencial e no humano, de modo a ser intemporal e trágica. Há uma relação unificada onde tudo está contido, juntando no mesmo espaço diferentes expressões e manifestações: linhas; velaturas; manchas; palavras e desenhos. A criação tem o seu lugar expressivo na relevação do lado interior e intimista. Nesta conceção e organização do espaço, tudo surge sem ordem, aviso ou figura. Constatam-se as paisagens fragmentando as formas em desenhos.
(Engrácia Cardoso, 2021) www.cm-tomar.pt