André Ferreira, um jovem da Escola Profissional de Tomar, assumiu o papel de orador num debate, alargado à comunidade escolar, sobre a temática Feriado(s). O evento, que pretendeu clarificar os presentes sobre o significado e sentido dos (ex)feriados nacionais, premiou-nos com uma excelente dissertação de que damos conta nas linhas subsequentes, reproduzindo as palavras do aluno a propósito do feriado de 1 de dezembro:
“30 de novembro de 2015. Foi aquele dia em que todos os portugueses, depois de um dia de trabalho, chegaram a casa, se recostaram no sofá, e pensaram em jeito de desabafo: “Que cansaço pá! É pena, é amanhã não ser feriado”. Realmente foi uma pena, por que o “feriado” passou, e a rotina de trabalho concretizou-se como se aquele dia fosse igual aos outros. Mas na verdade, é que o 1º de dezembro é um dia diferente, não só por ter sido em tempos um dia de descanso, mas, também, por ter sido uma data que mudou o futuro de Portugal. Mas exatamente, o que aconteceu? E quando? Bem, para aqueles que tiveram menos atentos nas aulas de História, ou para os mais esquecidos, vamos lá descobrir.
Quando o nosso bom rei D. Sebastião morreu, alegadamente, na Batalha de Alcácer Quibir em 1578, criou-se um problema, já que este não deixou linhagem direta. Assim, para ocupar o seu lugar, foi lá posto o seu bondoso (e idoso) tio-avô de 66 anos, Henrique.
Henrique I, nem deu para aquecer o lugar morrendo em 1580. Como este era cardeal, e filhos, ai dele que os fizesse, quem é que iria sentar-se no trono? Havia uma carrada de pretendentes, incluindo até o próprio Papa, mas no final, quem ganhou o tão disputado “assento” real foi o rei dos nuestro hermanos, Filipe II de Espanha, I de Portugal.
Filipe I e a sua descedência, Filipes II e III, fez com que o Império Português sofresse grandes reveses na sua economia ao se ver envolvido nos antigos conflitos do Império Espanhol, dando assim mais uma desculpa para que o povo português ficasse insatisfeito com a sua administração castelhana.
Todo este sentimento de revolta deu origem a uma revolução, encabeçada pelo Duque de Bragança, que ocorreu no ano 1640, e teve o seu clímax no dia (surpresa das surpresas) 1 de dezembro, e assim retornou o controlo da nossa nação para mãos portuguesas, e acabando com este período negro da nossa história a que se deu o (até engraçado) nome de Dinastia Filipina (até parece que fomos governados por bolachas!), e dando lugar à que seria a última dinastia monárquica em Portugal, a de Bragança.
No 1º dia do último mês de cada ano, celebra-se em Portugal a Restauração da Independência, e é por isso que é “feriado”. Mas um feriado é muito mais do que menos um dia de escola ou trabalho (caso não calhe num fim de semana), o seu propósito é fazer com que determinada data importante na nossa História não seja esquecida, e mais que isso, é fazer com que não nos olvidemos do que o povo português é capaz.
Atualmente, Portugal também está a passar por uns dos seus períodos mais negros, e por isso parece que acreditamos menos no nosso futuro. Mas, se há uma coisa que os nossos antepassados nos ensinaram, foi a não ter medo, quer seja do desconhecido; quer seja de monstros que vivem no fim do mundo; quer seja de fazer a coisa mais acertada, como trazer de volta o poder da nossa pátria para as nossas mãos. Eventos como o 25 de abril, o 5 de outubro ou o 1 de dezembro, aconteceram graças a esta premissa. E o que também têm eles em comum? São feriados. E é por isso que é preciso que eles voltem. Não por preguiça, mas sim para nos lembrar porque é que vivemos num país livre; sem reis; e sem castelhano como idioma oficial.” Texto: Escola Profissional de Tomar