O dia 5 de Março vai ficar na memória da história da freguesia de Chãos, quando aproveitando a visita PASTORAL do Bispo da Diocese de Coimbra, D. Virgílio Nascimento Antunes, o presidente da câmara de Ferreira do Zêzere Jacinto Flores Lopes e o presidente da junta de Chãos – Jorge Silva, bem como o presidente da ADIRN Pedro Ferreira e o seu coordenador Jorge Rodrigues, descerraram a placa perante muita gente que se deslocou à antiga aldeia de João Prestes.
Quanto à obra e à feliz iniciativa de transformar uma escola do tempo do Estado Novo, recuperando-a em toda a sua traça, totalmente, bem como o recreio é de louvar e no dia seguinte à inauguração o presidente da Junta – Jorge Silva abriu-nos as portas do renovado edifício. O PRODER ( projeto de desenvolvimento Rural de 2007-2013) foi a tábua de salvação com menos de 170 mil euros de financiamento que foi ao encontro do desejo e vontade do executivo da Junta de Chãos, que sempre disse e desejou, dado a localização, traça e espaço envolvente, que esta escola, ao contrário de muitas que caiem par o chão e são a vergonha de um país, ou melhor das câmaras que as herdaram de bandeja, que não as vendem e a poucas são dada utilização. As velhas escolas como antigas estações de comboios, memórias de um país e de uma época, envergonham-nos a todos nós e quando se assiste que uma escola, como esta tivesse sido devidamente recuperada (venha ou não a breve tempo ser um elefante branco) é de louvar e incentivar que o futuro Museu Etnográfico ( muito pobrezinho no seu espólio nesta arranque) venha a ser um espaço com vida, vida na sua envolvente – o recreio, onde as crianças das escolas dos agora modernos Centros Escolares vão, vejam onde estudaram os pais e avós, brinquem, tenham trabalhos didácticos e os idosos dos Lares, que os tirem em visita, a um espaço que foi seu. Museus para estar fechados não justificam os investimentos, tenha sido o dinheiro de Fundos Comunitários ou não!
Quanto à obra, excelente, como excelente o recreio a instalação de uma parede em pedra transformando, em poço a antiga cisterna, e uma nora. No edifício, casas de banho novas, espaço multimédia, ar condicionado, telhados novos devidamente recuperados com a mestria de pedreiros/empreiteiros da zona. Enfim uma maravilha! Um excelente trabalho de recuperação. Museu muito pobrezinho e com pouco nexo museológico – Quanto ao espólio do Museu, é fraquinho e carece da mão de quem saiba de museologia etnográfica e rural! Não basta meter em armários com vidros, utensílios e arreios de moares, pendurar nas paredes cangalhas, ou uma velha cama só armada sem colchão e roupas no meio da sala, ou a um canto e, (é o espólio mais rico do museu) a velha carteira do aluno, o quadro de ardósia preta, o cruxifixo, quando falta a foto de Salazar e Américo Tomás, a caixa métrica nº 3 que não existe e falta a secretária da professora e os tinteiros e a “caneta de aparo” de molhar, tipo pena e quando se mistura (no tipo sótão) um motor de rega francês – Bernard com chupador de plástico a petróleo que nasceu há três décadas e não é, nem nunca será peça de museu.
A região é rica e há que doar peças – Estamos numa zona banhada pela ribeira de Ceras/Chão das Eiras e ribeiro de Jamprestes, e pela predominância de azenhas, numa zona de agricultura de regadio e sequeiro de pastoreio e de oliveiras e vinhas, ou seja onde houve tanto lagar de azeite e uvas, tanta azenha e é preciso e nisso tem vontade o Jorge Silva de recriar no recreio a prensa, as mós, as vazas dos lagares, as rodas da azenha, as entroses e pedras de moer. Peças que podem estar à chuva e dar vida ao Museu de Jamprestes. Se isso for feito, valeu a pena o investimento. Não basta meter uma jovem, cedida pelo fundo de desemprego, sentada numa secretária em horário de funcionalismo público a cumprir horário e a brincar no facebook. Os fundos Comunitários neste projecto via ADIRN dotaram a escola de todos os meios e mais alguns, com computador, ligação internet, resta agora trabalhar e trabalhar bem, não transformar aquilo num armazém de coisas, que pode ser tudo menos um museu; para que se possa dizer no futuro – abençoado dinheiro aplicado na recuperação da velha escola de Jamprestes. Resta apelar que quem tem e gosta de fazer museu nas adegas que doe as peças, sejam catalogadas ou cedidas a titulo de empréstimo para todos as podermos ver. Um museu é isso, um espaço onde depositamos memórias. Há e quanto a assaltos e roubos, tão em voga nos meios rurais, a escola tem um sistema de alarmes instalado e não vale a pena tentar, pois até isso o projecto e bem contemplou! António Freitas