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TOMAR – “Da hostilidade à hospitalidade: um caminho de paz” é o tema norteador da 14ª edição do festival literário Bibliotecando

Sustentada num trabalho de parceria entre várias entidades, nomeadamente os Agrupamentos de Escolas Nuno de Santa Maria e Templários, o Município de Tomar, o Centro de Formação “Os Templários”, Centro Nacional de Cultura, Instituto Politécnico de Tomar e Rede de Bibliotecas Escolares, a iniciativa tem como presidente da Comissão de Honra Guilherme d’Oliveira Martins.

Durante dois dias, os participantes partirão da premissa constante do tema do encontro para ajudar a encontrar o movimento consciente de aproximação ao outro, inscrito no conceito de hospitalidade e sintetizado na expressão de Jacques Derrida: estar “chez soi, chez l’autre” (“em sua casa, em casa do outro”). Também Paul Ricœur define a hospitalidade como a partilha de “chez soi”, da sua casa, enfatizando a importância da partilha do ato de habitar um mesmo espaço, e assim as reflexões dos dois filósofos colocam a tónica na dimensão eminentemente relacional do Homem, a capacidade de relação do “eu” com o “outro”, aquele que é o estrangeiro, porque é de outra nacionalidade, porque fala outra língua, porque tem outros hábitos sociais, porque professa outra religião.

Hoje mais pertinente do que nunca neste ainda jovem século, a hospitalidade, entendida como a aproximação ao outro sustentada no conhecimento e reconhecimento das suas diferenças, é um dos principais desafios colocados à nossa sociedade global. Um desafio tanto mais premente quanto assistimos a sucessivos, constantes e reiterados estreitamentos identitários, signos e sinais de movimentos de hostilidade que pontuam o xadrez social.

Nos dias 3 e 4 de maio, o Bibliotecando em Tomar oferece-se como espaço/tempo de reflexão e de construção de “entendimento” em viagens mediadas por ilustres oradores, que nos ajudarão a pensar os conceitos de hostilidade e hospitalidade em diferentes áreas de saber.

A iniciativa começa às 9h30 de sexta-feira, com um painel dedicado à obra de Ana Paula Tavares, coordenado por Guilherme d’Oliveira Martins e com as participações de Carmen Tindó Secco, Tania Macêdo e da própria homenageada. Seguir-se-á uma conferência de José Gil.

À tarde, a vice-presidente da Câmara, Filipa Fernandes, coordenará o painel sobre “A Ciência no Discurso da Humanidade”, com Eduardo Barroso, Pedro Simas e Sandra Barão Nobre; seguindo-se o painel sobre “Diálogo de Culturas”, com Ana Paula Tavares, João de Melo, Alice Neto de Sousa e a coordenação de Luís Ricardo Duarte.

No sábado, a partir das 9h30, Célio Marques coordena o painel “Inteligência Artificial: Desvendando Fonteiras Fluídas”, que convoca as palavras de Ricardo Cruz, Álvaro Laborinho Lúcio e Alexandre Castro Caldas. Segue-se a reflexão sobre “Língua: Espaço de Hospitalidade”, coordenada por Luís Ricardo Duarte, com as intervenções de Graça Capinha e Joaquim Arena.

À tarde, Rita Gaspar Vieira coordena o painel “Teias da Hostilidade e Hospitalidade na Arte e na História”, com Isabel Castro Henriques e Marco Daniel Duarte, e, por fim, falar-se-á do “Exercício de Democracia na Aceitação e na Recusa”, com coordenação de Ana Bento Moucho e as participações de Afonso Seixas-Nunes, Isabel Baltazar e Vasco Becker-Weinberg.

Ainda antes, na quinta-feira, haverá um espaço aberto ao público em geral, com um encontro de Ana Paula Tavares com os leitores, às 15 horas, e uma preleção sobre a comemoração dos 500 anos de nascimento de Camões, por José Carlos Seabra Pereira, ambos no auditório da Biblioteca.

Entre os dias 2 e 4, acontecerá, no local, uma Feira do Livro dedicada aos temas e autores do encontro. E, durante o decorrer do Bibliotecando, haverá ainda lugar a “Chez moi, chez toi – Palavras volantes de bem receber”, com coordenação de Nuno Garcia Lopes.