Com a realização do Corta-mato Escoler, no dia 27 de Novembro, Nuno Garcia Lopes deu início à celebração dos seus 30 anos de edição literária, num percurso em que se mesclam as suas facetas de escritor e de promotor da leitura (enquanto contador de histórias, “diseur” de poesia, editor ou formador). O aniversário redondo acontecerá só daqui a um ano, mas até lá o autor de “Corações de musgo” pretende devolver à comunidade aquilo que ela lhe entregou ao ser galardoado, em 2018, com a medalha de mérito do Município de Tomar. A ideia era tê-lo feito logo em seguida, com a celebração dos 25 anos, mas uma pandemia intrometeu-se pelo meio. Cinco anos passados tiveram uma vantagem: o símbolo das comemorações, um ex-libris inspirado naqueles com que antigamente os donos marcavam os volumes da sua biblioteca, já foi desenhado por Catarina Marques, filha do poeta e jovem artista emergente. E assim se chegou ao dia de aniversário que, sendo coincidente com o do Corta-mato Escolar de Tomar, inspirou a ideia de fazer um périplo por vários pontos da cidade, oferecendo leitura em voz alta. Começando precisamente no Regimento de Infantaria 15, com palavras inspiradoras para os atletas oriundos das escolas, de dois nomes míticos do atletismo de fundo português: Carlos Lopes e o malogrado Francisco Lázaro (este enquanto personagem de José Luís Peixoto no livro “Cemitério de pianos”. Depois, rumou ao ASE (Apoio Sócio Educativo) do CIRE, onde levou, entre outros, vários poemas do saudoso António Torrado, grande amigo de Tomar. A seguir, entrou pela Biblioteca Municipal adentro e pediu para ler. Em voz alta, claro, que não é nenhum crime se for consentido e com sentido. E a paragem seguinte também seria lógica, na Livraria Nova. Nova corrida e paragem num dos locais acusticamente mais fantásticos (mas também desafiadores) de Tomar: a Sinagoga. Aí, evocando a música que há nas palavras de Florbela Espanca. O corta-mato terminaria na rua, junto ao rio, no espaço ajardinado do Mercado. Nos próximos meses, muito mais haverá para ler e dizer. Daqui por um ano, será tempo de novo livro, de mais ampla lombada.