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TOMAR – Concorrente critica júri do processo de arrendamento da Estalagem de Santa Iria. Proposta de 2415 euros por mês (renda) terá sido preterida por outra… de 1550 euros

Sónia Pais, responsável pelo Hostel 2300 Tomar, aproveitou as redes sociais para «desabafar» sobre o processo polémico em torno do arrendamento da Estalagem de Santa Iria. A empresária – recorde-se – apresentou a melhor proposta na primeira fase do concurso, com uma renda mensal de 2415 euros e um investimento na citada estrutura a rondar os seiscentos mil euros. Apesar destes números, a verdade é que foi escolhida a proposta de uma empresa de Leiria, a Sólido Favorito, de quem a Câmara refere que será feito um pagamento de 1550 euros por mês para a renda, ou seja, quase menos novecentos euros mensais do que aquilo que foi apresentado pelo Hostel 2300 Tomar… que acabou excluído da segunda fase por motivos que ainda não foram explicados por quem de direito, neste caso pela autarquia nabantina. Sónia Pais escreve que nesta mesma segunda fase, «o segundo candidato, que ganhou o concurso, só entregou a sua proposta depois de ter tido a garantia que o primeiro já tinha entregue a sua e foi aí que o seu plano não correu tão bem como esperado porque dos 328.400 euros teve de subir a parada para 1 milhão de euros», valor que deverá ser, então, o montante relativo ao investimento. A empresária teceu duras (e graves críticas) ao júri do processo, recordando que na Hasta Pública da primeira fase do concurso sofreu «ataques pessoais de maus perdedores e o júri não teve, como deveria ter tido, espinha dorsal para evitar que este tipo de situação acontecesse. Na memória o que me ficou foi um júri pouco seguro do que ali se estava a passar», acusando-o mesmo de «mudar as regras fruto da pressão a que se viu sujeito por alguns dos candidatos». Entretanto, perante esta situação, a Câmara de Tomar continua a adiar respostas para a próxima reunião entre o executivo, que será a 29 de Outubro.

Eis o texto publicado por Sónia Pais: Sónia Pais

«Não sou uma pessoa de ressentimentos ou ressabiada, uma palavra que é muito usada actualmente, nas redes sociais, mas sinto que não poderia esquecer os últimos acontecimentos, que me envolveram pessoalmente, num concurso público lançado pelo Município de Tomar, (que afinal não é um concurso público, segundo os próprios) sem dizer o que me apraz sobre o que sofri, as noites mal dormidas e principalmente as frustrações de sentir que uma injustiça foi cometida. Talvez injustiça seja uma palavra muito forte e o melhor será dizer que foi cometida uma incompetência. Não me julgo superior aos demais, mas tenho uma qualidade/defeito (é difícil de catalogar) que me distingue, de entre alguns: tudo o que faço, gosto de o fazer com brio e com exigência. Sou de tal maneira exigente comigo própria, que na maior parte das vezes entendo que o trabalho que desenvolvo nunca está suficientemente perfeito.
Daí que quando a minha empresa decidiu concorrer à concessão da Estalagem de Santa Iria, como é óbvio, li e reli o caderno de encargos e o respectivo programa e detectei várias incongruências, que não vou aqui catalogar, não estou para isso, e quem quiser que leia os documentos e faça a sua análise. No entanto e apesar de entender que havia ali muita matéria para deitar abaixo (tecnicamente falando, impugnar) este concurso (vou continuar a chamá-lo assim!), não quis deixar passar a oportunidade de concorrer àquela que considero uma das jóias de Tomar, tão subaproveitada até ao presente.
Apesar de os únicos critérios para a selecção serem valores (renda e investimento), não me fiei em lançar apenas números para o ar, como é óbvio. Fiz o trabalho que a Câmara não entendeu que fosse necessário para a escolha dos concorrentes: elaborei um projecto que me pareceu muito válido, fruto também da minha formação de 7 anos em Gestão e Turismo (licenciatura e mestrado), da minha experiencia profissional como docente nesta área, como dirigente no Turismo de Portugal e mais recentemente, entre outras actividades nesta área, que não vou aqui enumerar, como gestora de um projecto turístico e diferenciador da cidade de Tomar. Porque é que estou a falar no meu background profissional? Porque este também não era factor de selecção de concorrentes.

Contactei técnicos, fiz as minhas contas, desenvolvi o meu projecto e apresentei uma proposta que seria viável, economicamente sustentável e julgo benéfica, não só para a empresa como para a cidade. Ofereci uma renda mensal de 2415 euros, caso vos interesse saber. Entendi que seria um preço justo para todos. Ofereci um valor de investimento de 600.000 euros, muito próximo do segundo candidato, também de Tomar, que tinha um projecto semelhante ao meu. O circo começou no dia 12 de Julho passado, na Hasta Pública da primeira fase do concurso onde iriam ser seleccionadas as três melhores propostas. Depois de identificados os 10 concorrentes e aberto o primeiro envelope com a documentação exigida, o júri pediu-nos para sair da sala durante uma hora para verificação da documentação. Uma hora passada regressámos à sala. O júri informou que a proposta de um dos candidatos não iria ser tornada pública uma vez que estavam em falta documentos exigidos. Todas as outras propostas começaram a ser abertas e tornadas públicas, a minha incluída. Não sabendo quais eram os outros projectos que estavam a ser propostos, não me passou pela cabeça que podesse ficar em primeiro lugar na lista de concorrentes, mas tal aconteceu e, apesar do nervoso miudinho da responsabilidade, fiquei, obviamente satisfeita com o resultado e com a vantagem de poder concorrer à segunda fase e à nova Hasta Pública.

Logo nessa sessão, sofri ataques pessoais de maus perdedores e o júri não teve, como deveria ter tido, espinha dorsal para evitar que este tipo de situação acontecesse. Na memória o que me ficou foi um júri pouco seguro do que ali se estava a passar. E até posso compreender isso, porque decidiram avançar para um concurso, deste âmbito, com documentos mal redigidos, com lacunas e incongruências.
Segundo o programa, os três primeiros concorrentes tinham 5 dias úteis para a apresentação da proposta melhorada, mas logo ali, o júri decidiu mudar as regras, fruto da pressão a que se viu sujeito por alguns dos candidatos e decidiu aplicar a Lei dando 10 dias úteis a todos como direito de resposta. Sem comentários, porque a Lei prevalece sempre, sei disso. Nos dias seguintes recebemos todos a Acta dessa primeira sessão com a indicação dos três concorrentes que foram seleccionados para a segunda fase, a minha empresa incluída.

Passaram-se quase 2 meses até receber nova notificação do júri, e aquele que seria o convite para apresentar a proposta melhorada era a informação, entre outras, de que a minha empresa tinha sido excluída do concurso por falta de um documento (registo criminal da empresa). O porquê desta falha, poderão todos pensar que é culpa minha, mas a realidade é que o porquê desta falha se deveu à má redacção do programa e a uma má interpretação que o próprio júri fez, quando na primeira sessão também não deu por essa falha. Na sua check list de documentos para verificação, como é óbvio, não constava esse documento, tanto é que tanto a minha empresa como a terceira classificada (também excluída pelo mesmo motivo) foram aceites a concurso e as nossas propostas tornadas públicas. O júri apercebeu-se desta falha por intermédio da reclamação de um dos concorrentes, que por acaso, acabou por ganhar o concurso, e que tinha inicialmente oferecido 1240 euros de renda e 328.400 euros de investimento.

Recorremos em conjunto com o terceiro classificado, também excluído nessa fase, a advogados competentes em direito administrativo para defenderem a nossa posição e apresentarem a nossa pronúncia com argumentação mais que válida para a nossa readmissão a concurso. Posso-vos dizer que a pronúncia tinha 17 páginas e foi o documento mais bem executado em todo este concurso. O mínimo que eu exigia era que o júri respondesse à altura e com contra argumentação que justificasse a manutenção da sua tomada de decisão anterior. Tal não aconteceu, o que aconteceu é que a resposta foi simplesmente ofensiva por ser tão incompetente. A segunda fase não foi tornada pública. Eu, enquanto concorrente, já excluída é certo, mas também enquanto tomarense, que votei para eleger o executivo que agora lá está a trabalhar para nós todos, gostaria de ter estado presente, para assistir à segunda parte do circo, mas foi-me vedada essa vontade por falta de informação. O terceiro candidato não apareceu (não vou dizer nada sobre este assunto, mas sei…) o segundo candidato, que ganhou o concurso, só entregou a sua proposta depois de ter tido a garantia que o primeiro já tinha entregue a sua e foi aí que o seu plano não correu tão bem como esperado porque dos 328.400 euros teve de subir a parada para 1 milhão de euros (deixem-me rir!!!!!).

A Câmara o que ganha com tudo isto é uma renda de 1550 euros que começará a receber daqui a 5 anos, pois o candidato pediu o tempo máximo de carência para o pagamento da mesma.
Só mais duas coisas:
1. DESCULPEM, mas não vou desperdiçar milhares de euros em tribunais para que se faça um novo concurso em condições e com competência. Não vou fazer esse serviço público à cidade.
2. GOSTAVA MUITO que a Câmara apresentasse o projecto vencedor, que o publicasse, tal como ele foi entregue, com as descrições que nele deverão constar a justificar 1 milhão de euros de investimento.
Parabéns aos vencedores, que fizeram tudo (mas mesmo tudo!…) para ganhar este concurso».