Jorge Lopes é pintor e vive em Berlim. Tendo crescido em Tomar mas sendo um jovem europeu dos dias de hoje, foi em Berlim que Jorge Lopes encontrou o seu amor, a sua família e o caminho que percorre. Hoje regressa a Tomar com uma exposição de pintura que tem por título, “Leve”. Abre a 30 de Abril nos Lagares d’El Rei. Doze anos depois de ter terminado curso de Artes Plásticas na ESAD (Caldas da Rainha) e partido, o autor afirma que as experiências pessoais e profissionais deste tempo se juntam para se recriarem em títulos, cores e formas:
“Hoje sei o que é perder um amigo, o que é ser pai. Ganhei prémios, exponho em Berlim e noutras cidades na Alemanha, em Londres e em Copenhaga. Em Portugal, mostrei, por último, o meu trabalho em Lisboa, Sardoal, Santo Tirso, e regresso agora com uma exposição a Tomar. Leve – foi a ideia principal que acompanhou estes três meses em que estive a pintar para esta exposição.”Para quem o conhece, é fácil compreender esta leveza. A sua pintura foi sempre uma expressão muito clara de si próprio, das suas emoções, das suas vivências, por vezes amargas, e da forma como incorpora o que o rodeia. A dominante abstrata do seu trabalho abre os limites da expressão pura do seu mundo interior. É por isso que, ao ter recebido há dias, no nosso contacto habitual, umas fotografias do estúdio que deixava ver, casualmente, alguns trabalhos em execução, senti que há uma nova luminosidade, há de facto uma leveza, que só pode ser fruto de uma atitude de maturidade perante as lutas da vida e uma reconfortante serenidade emotiva. Mais do que quaisquer palavras, aquelas telas espontâneas e cálidas, causaram-me uma impressão de reconforto e conciliação.Não pude deixar de recordar uma pequena frase com que Amadeo de Souza-Cardoso, também ele distante, se referia à sua terra natal: “Como esta terra é tão cheia de cor!”
Voltemos ao que diz Jorge Lopes:
“Comecei a trabalhar para esta exposição no regresso do Natal passado em Tomar. Tinha decidido expor no mesmo espaço onde aos 16 anos tinha visto uma exposição do pintor Tó Carvalho, à qual faço referência num dos trabalhos que agora irei mostrar. É voltar às raízes no seu melhor. Afinal, sempre que voltamos, voltamos diferentes.”A exposição abre nos Lagares d’el Rei às 16h (do dia 30 de Abril) com um programa que inclui a voz de Patrícia Relvas e a guitarra elétrica de Roberto Afonso, os “Lavoisier”; projeto que segundo Hugo Henriques “começou enquanto terapia musical berlinense para tratar uma crise de identidade lusitânica.“ Trazem-nos Lopes Graça. E o que nos traz Jorge Lopes? “Para ver há uma pintura de grande formato de 2008, uma série de 40 desenhos feitos no verão de 2014 – verão em que li Os Lusíadas – e uma série de 10 novas pinturas. Estas foram feitas em Berlim mas nasceram em Tomar. É que uns dias depois de ter visitado o local da exposição, encontrei no sótão do meu avô uma moldura velha e uma radiografia dele. Foi com este material que comecei a trabalhar. Encomendei telas exatamente à medida dessa moldura e comecei a pintar as linhas e sombras da radiografia, que ainda agora está colada na janela do meu atelier. O resto é produto do trabalho. Sabia que queria fazer uma série que fosse leve e livre, fresca e direta.”
Será uma exposição a não perder!
Apresentação do autor:
Nasceu em 1981 em Lisboa e cresceu em Tomar. Vive e trabalha em Berlim. Licenciou-se em Artes Plásticas pela ESAD, Caldas da Rainha, em 2004. Entre 2005 e 2013, recebeu uma bolsa do programa Leonardo da Vinci, tornou-se membro da Künstlerhaus Dortmund, foi nomeado para o Prémio Fidelidade Mundial Jovens Pintores, Lisboa, tendo recebido uma menção honrosa, e recebeu uma bolsa para Atelier BBK, Berlim.
Exposições individuais ou coletivas
Tomar, Bayreuth, Berlim, Oslo, Dortmund, Copenhaga, Londres, Lisboa, Santo Tirso, Sardoal, Óbidos, Torres Vedras, Setúbal, Caldas da Rainha, Cem Soldos – Tomar.
Presente nas colecções:
ESAD – Caldas da Rainha; Escola D. Nuno Álvares Pereira – Tomar; Câmara Municipal de Santo Tirso; Coleções particulares na Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, Japão, Noruega e Portugal
Presente em diversas publicações.