De parabéns a organização da Casa do Concelho de Tomar na comemoração dos seus 75 anos, ou seja, as Bodas de Diamante, em que transformou a pacatez por vezes reinante em termos culturais da cidade de Tomar e com dois espectáculos no Cine Teatro Paraíso, provou que em Tomar há público havido de espetáculos culturais em palco. Se no dia 2 de Março o palco foi do Fatias de Cá e Nabantina com o “Tomar em Revista” no dia seguinte e ambos os dias com lotação esgotada, foi a oportunidade única para muitos de ouvir Lara Martins a soprano natural de Coimbra, que interpreta em Londres um dos papéis de destaque naquele que é o musical dos musicais. O espectáculo teve duas partes, na primeira parte com João Paulo Santos ao piano e em que foram interpretadas cinco canções Populares do compositor tomarense Fernando Lopes Graça, e do “cancioneiro popular português” como Márcia Bela, Eu Fui à terra do Bravo, “Ó meu bem se tu me queres”, “Rua Abaixo Rua Acima” e “Leva arriba, nossa gente” todas das ilhas açorianas de S. Jorge, terceira e Pico e terminando esta primeira parte com Summer Time – Porgy and Bess de George Gershwin. Sem intervalo e passando o tempo a “correr” numa sala onde não se ouvia o mais leve ruído e contrastando com a iluminação dos telemóveis de quem queria gravar e registar momentos tão melódicos, Lara Martins inicia a segunda parte coma Big Band do Canto Firme, e deve ter sido um orgulho para os jovens músicos, que por vezes só ensaia uma vez por semana, terem oportunidade de acompanhar e com grande mérito e profissionalismo a voz de Lara Martins, com musicas como “Medley Música no Coração” tão conhecida de nós, ou Herbie Hancock ou Somewhere over the Raibow, o Feiticeiro de Oz todas com arranjos de Joaquim Roberto. Inesquecivel, memorável, único e uma oportunidade de assistir a um espectáculo, com uma voz de quem brilha em Londres naquele que é o musical dos musicais. Lara Martins, há vários anos que vive na capital britânica e interpreta Carlota Giudicelli – um dos principais papéis no ‘Fantasma da Ópera’, que lhe confere uma legião de fãs de todas as idades, que fazem espera à porta dos artistas todos os dias. Vive em Londres desde os 20 anos, é casada e tem duas filhas. Lara adora Portugal, fala português em casa e não esconde a mágoa de passar quase despercebida no nosso país. “Fico triste quando grupos de portugueses me vêm cumprimentar sem saber que também sou portuguesa. Depois de lhes reconhecer o sotaque, falo em português e ficam de boca aberta. Acontece comigo e com outros portugueses com muito sucesso, mas praticamente desconhecidos no nosso país e é uma pena”. Baseado num romance do francês Gaston Leroux, o ‘Fantasma da Ópera’ é considerado o segundo mais bem sucedido musical de sempre no West End de Londres. Lara Martins está ligada a este espetáculo há já seis anos. Antes de ser escolhida para o papel passou por dois meses altamente competitivos, onde se vão eliminando candidatos até chegar à audição com o produtor do ‘Fantasma da Ópera’. Lara não esconde que ainda hoje sente “um nervoso miudinho” e que só acalma quando vê o público. Já partilho o palco com outra portuguesa, Sofia Escobar, que interpretava a protagonista Christine Daaé. Ou seja, um orgulho para Portugal ter duas portuguesas no elenco principal de um espetáculo tão competitivo.
“O Fantasma da Ópera”, baseado num romance do francês Gaston Leroux, é considerado o segundo mais bem-sucedido musical de sempre no West End de Londres, depois de “Les Misérables”. Com música de Webber e letras de Charles Hart e Richard Stilgoe, o espetáculo estreou-se há 26 anos, em 1986. E esta foi uma oportunidade que os tomarenses tiveram, tudo graças às comemorações dos 75 anos da Casa do Concelho de Tomar, à “teimosia” de Carlos Galinha seu presidente, que fez deste efeméride, uma comemoração que fica na história de Tomar por uma série de iniciativas e actividades que lhe levaram e à sua equipa directiva a muito mas muito trabalho, de meses, certamente com algumas incompreensões pelo meio, alguns custos que podem ser considerados exagerados para a Câmara de Tomar, e criticados; mas que em prol da cultura, não foram custos foram investimentos, isto numa cidade onde o ensino artístico musical, é por carolice de tantos uma aposta muito grande e faz parte do ADN da cidade. António Freitas