Cem Soldos já entrou em contagem decrescente para receber mais uma edição do BONS SONS. Durante quatro dias, de 9 a 12 de agosto, a música portuguesa instala-se no cenário da aldeia, os amigos e a família reúnem-se e o amor de verão acontece. Durante o festival, a aldeia ganha uma nova vida e todos os recantos são preparados ao mínimo detalhe. Para isso, os cem-soldenses juntam-se para dar forma ao evento: cedem terrenos e quintais, montam infraestruturas, limpam, costuram, cozinham e, durante o festival, abrem as portas das suas casas e recebem com um sorriso todos os que rumam a Cem Soldos. Dos mais velhos aos mais novos, todos participam, até as crianças, que fazem visitas guiadas que dão a conhecer o património histórico, as vivências e os projetos da comunidade. Estes passeios, orientados por quem corre pela aldeia todos os dias, são gratuitos mediante a inscrição no Posto de Informação.
Desde o conteúdo dos sacos de boas-vindas dos artistas, que são personalizados pelos habitantes (cada família prepara os presentes de boas-vindas), passando pelos produtos feitos por avós e netos do grupo de costura criativa de Cem Soldos, às peças artesanais vendidas na loja do BONS SONS, tudo no festival tem um toque dos habitantes da aldeia que, todos os anos, desenvolvem novas ideias. Nesta edição, em que o amor invade a aldeia, os cem-soldenses puseram as mãos na tinta e vestiram as paredes, janelas e varandas com mensagens para os visitantes. O BONS SONS é, assim, feito de bons momentos entre o público mas, também, da partilha de vivências entre quem visita e habita a aldeia.
Entre concertos, o festival aposta também num conjunto de atividades paralelas. Além das iniciativas para famílias e da feira de artesanato, a programação inclui performances, cinema, dança, uma mesa redonda e uma instalação que terão lugar no Auditório Agostinho da Silva. Na sexta-feira, dia 10 de agosto, em duas sessões, às 15h00 e às 18h00, o cinema chega ao festival com as Curtas em Flagrante. Com filmes essencialmente portugueses, estas sessões levam-nos até revoluções, à infância, aos amores e desamores e à arte urbana, entre muitas outras histórias para ver no grande ecrã: Eden, de Ana Pio; Habitat, de Max Henrrique; Câmara Nova, de André Marques; Porque é este o meu Ofício, de Paulo Monteiro; 20 anos de oficinas num convento, de Pedro Grenha, Rodolfo Pimenta e Rui Cacilhas; Noite de São João, de José Pedro Lopes; Laranja Amarelo, de Pedro Augusto Almeida; Pedras no Caminho, de Diogo Pessoa de Andrade; Norley e Norley, de Flávio Ferreira; Como Semear uma Colmeia?, de Tiago Moura; Fugiu. Deitou-se. Caí, de Bruno Carnide; Gary, de Marina Thomé; e Razão Entre Dois Volumes, de Catarina Sobral.
Nos dias 9, 11 e 12 de agosto, a programação do espaço fica a cargo da Materiais Diversos, uma parceria de programação com o BONS SONS que visa a potenciação sinérgica da cultura numa área territorial próxima onde ambas atuam. Tirando partido do conhecimento e desenvolvimento artístico de cada uma, nas áreas da música e das artes performativas, respetivamente, esta parceria visa a programação cruzada nos eventos de ambas as associações. Sara Anjo apresenta, no dia 9, às 18h00, Sacro, uma peça que parte de três questões – o que nos move? Como nos movemos? E para onde nos movemos? – para refletir sobre os mecanismos vitais da vida. No sentido lato da palavra “mover”, esta peça foca-se na forma como caminhamos, avançamos e recuamos hoje em dia e nas relações que o corpo humano espelha com os seus antepassados e que fabulações ou projecções fazemos com o futuro. UM [unimal], de Cristina Planas Leitão
No sábado, dia 11, também às 18h00, UM [unimal], de Cristina Planas Leitão, é um solo desenvolvido a partir da ideia de Sobrevivência que, neste caso, se materializa através da fisicalidade da Marcha. Trabalha-se a noção de corpo arquivo e de corpo que carrega uma história através da dança. Neste espaço, serão também apresentados os projetos selecionados pela bolsa Filhos do Meio, atribuída pela Materiais Diversos para apoiar e dar a conhecer artistas de Santarém. Classe do Jaime, de Susana Domingos Gaspar e Edgar Valente, e S E N S O, do Colectivo249, foram os projetos escolhidos, no ano passado, e integram agora o programa do BONS SONS, parceiro da iniciativa.
S E N S O procura explorar no território, com as pessoas, os lugares e a sua cultura, no momento presente, com base no passado e com foco no futuro. Esta prospeção cultural, divide-se em entrevistas (acção de pesquisa cultural em Torres Novas) e comunidade (residência artística em Alcanena). As partilhas e criações, que procuram suscitar a reflexão de todos os seus intervenientes, tomam forma e conteúdo numa instalação que pode ser visitada durante o festival entre as 16h00 e as 20h00, com uma visita-guiada no domingo, dia 12 de agosto, às 18h00. Por sua vez, o projeto Classe do Jaime é uma coreografia de Susana Domingos Gaspar cujo nome nasce no linguajar típico de Minde, em que não existe palavra para dança, apenas para baile, Classe do Jaime ou O-do-Barreiro. Nele, dois bailarinos vão ao encontro de grupos de dança folclórica da região das Serras d’Aire e Candeeiros e propõem um método para aprendizagem do vocabulário tradicional. Classe do Jaime é um dueto que se desenha como uma coreografia de composição etimológica, em que se restauram os conceitos de peso e erotismo, colocando perguntas de um lado para o outro: o que pergunta a dança tradicional à dança contemporânea? Para descobrir no domingo, dia 12, às 18h30. Ainda no domingo, às 19h15, a Mesa Redonda Os Lugares e os/dos Artistas vai dar a conhecer os projetos e artistas Filhos do Meio, procurando compreender a importância desta bolsa nos seus percursos profissionais e pessoais, mas também refletir sobre a importância da prática artística na vida dos lugares e sobre a vitalidade que os lugares trazem à criação artística.
Os primeiros acordes do BONS SONS vão entoar no dia anterior ao festival, a 8 de agosto, com a chegada dos campistas ao recinto. O concerto da Festa de Receção fica a cargo da banda vencedora do concurso Por Estas Bandas, dedicado à promoção e valorização da produção musical independente. Este lugar é ocupado pela banda Os Zhérois 2.1. – quinteto de Ourém que traz na bagagem uma noite promissora à qual se juntará, em DJ Set, a crew do Cover de Bruxelas, programa semanal da RUC – Rádio Universitária de Coimbra ávido defensor das versões cover. Já no último dia, na hora da despedida, o BONS SONS dá mais uma oportunidade ao amor de verão. Na Festa de Encerramento, entre música, jogos e surpresas, FOQUE e GODOT vão lançar as suas setas musicais para celebrar os encontros, despedidas e memórias de quatro dias de festival e, quem sabe, proporcionar uma última chance para novas histórias. Foque é o projeto de a solo de Luís Leitão que nasceu da necessidade de ter independência musical e de largar, não as guitarras nem as baterias convencionais, mas o rock em geral, onde havia embrenhado grande parte da sua vida. Já o misterioso Godot assume-se como um “clown dos tempos modernos” centrado na energia, no estado de espírito, no gesto, na estética e no desenvolvimento de novas dramaturgias.
Mais de cinquenta atuações, distribuídas por oito palcos, que vão trazer ao festival o rock, a pop, a folk, o jazz, passando pelo fado e o funk, até à eletrónica, numa autêntica celebração da diversidade de artistas e estilos musicais.