38500 visitantes. Foi este o número final já apresentado pela organização do Festival Bons Sons, evento que decorreu na aldeia de Cem Soldos, concelho de Tomar, entre 9 e 12 de Agosto. Ou seja, está ultrapassado o registo de 2014, na altura com 38 mil presenças e naquela que foi a última edição bienal do Festival. Foram apresentados 52 espetáculos programados nos oito palcos e no auditório, distribuídos por vários pontos da aldeia, num total de 202 artistas. A este balanço, soma-se 57 atividades paralelas, oito concertos inesperados e um pedido de casamento. Estiveram envolvidos 420 voluntários, dos quais 320 da própria aldeia.
Este ano, o mapa do recinto teve algumas alterações e deu a conhecer recantos da aldeia que, para muitos, ainda permaneciam desconhecidos, como aconteceu com o novo palco Zeca Afonso que recebeu, nesta estreia, PAUS, Zeca Medeiros, Mirror People e Slow J, Linda Martini ,The Lemon Lovers e Peltzer. Alguns dos restantes palcos, já bem conhecidos dos visitantes, surgiram também com formatos diferentes e novos nomes. É o caso do Tarde ao Sol, no adro da Igreja de S. Sebastião, que deu lugar ao palco Amália passando a receber concertos também à noite. Por lá passaram artistas como Norberto Lobo, Miguel Calhaz, João Afonso, Ela Vaz e Fado Violado. Também o Auditório de Cem Soldos passou, este ano, a chamar-se Auditório Agostinho da Silva, não só durante o festival, onde recebeu programação ligada às artes performativas, pela Materiais Diversos e cinema, via Curtas em Flagrante ou atividades dedicadas a crianças, mas durante o ano inteiro. Fora dos palcos, os concertos inesperados apanharam de surpresa os visitantes com Salvador Sobral, Selma Uamusse, Tomara, António Bastos, Miguel Calhaz, Zeca Medeiros, Moonshiners e Lena d’Água e Primeira Dama a ocupar as varandas e escadarias das casas.
Um dos principais objetivos do BONS SONS em cada edição é assegurar o crescimento sustentado do evento. Este ano, além da continuação das medidas implementadas anteriormente, o festival introduziu mudanças que contribuíram para a diminuição da sua pegada ambiental. Além da forte aposta na reutilização de materiais, na diminuição dos resíduos produzidos e dos sistemas de recolha e tratamento mais eficazes, o BONS SONS contou com novidades amigas do ambiente: o reforço das WC secas e a introdução de urinóis-fardo de palha em toda a zona do campismo que pouparam água e valorizam o ciclo natural; a implementação de lâmpadas LED, mais amenas ao ambiente; a eliminação total dos copos descartáveis; e a chegada de uma alternativa aos tradicionais recipientes descartáveis, os pratos de base biológica feitos a partir de farelo de trigo. Outra medida implementada com sucesso nesta edição foi o conceito cashless: o pagamento das compras efetuadas no recinto passou a ser feito com recurso à pulseira do festival, carregada previamente, evitando contas de cabeça e dinheiro perdido nos bolsos.
A pensar nos vários tipos de público, o festival ofereceu, não só um cartaz com diferentes estilos musicais, mas também ações para crianças, atividades paralelas e um conjunto de serviços para melhorar a experiência de pessoas com mobilidade reduzida. Para as famílias, o BONS SONS contou com um conjunto de atividades para os festivaleiros de palmo e meio, cujo sucesso foi comprovado pela boa adesão do público. Houve música para bebés e grávidas, passeios e aulas com o burro de miranda, oficinas, jogos e peças de teatro. De ano para ano, o BONS SONS também tem procurado também diminuir barreiras de forma a que todos, sem exceções, possam viver a aldeia e tirar o máximo de partido do festival. Para isso, os palcos foram dotados de plataformas elevadas individuais ou de zonas de visibilidade privilegiada que permitiram, aos visitantes em cadeira de rodas, assistirem aos concertos no meio da multidão de forma segura.
Os últimos acordes fizeram-se ouvir, de madrugada, em Cem Soldos, com uma festa de encerramento, preparada propositadamente para o BONS SONS, com música de FOQUE e a performance de GODOT, numa edição onde os visitantes levam, na bagagem, boas recordações deste amor de verão e a vontade, talvez, de regressar. Para registarem o evento, 124 jornalistas e fotógrafos marcaram presença no festival, acompanhados pela equipa de comunicação do BONS SONS, levando Cem Soldos ao resto do país, num festival que só é possível graças ao envolvimento de mais 400 pessoas, entre população e pessoas externas.