A atribuição da Medalha de Ouro da Cidade ao ex-comandante dos bombeiros de Tomar, Manuel Mendes, foi motivo de discórdia na recente sessão do executivo camarário. Pedro Marques, dos Independentes, e João Tenreiro, do Partido Social-Democrata, questionaram os critérios para esta escolha, que a presidente Anabela Freitas assumiu como pessoal.
O vereador dos IpT foi mais longe e pediu mesmo uma auditoria aos últimos dez anos, admitindo a hipótese de que se podem ter passado algumas coisas que eventualmente «não foram as mais correctas». Sem esclarecer a que se referia, Pedro Marques recordou, até, a presença da Polícia Judiciária nos bombeiros nabantinos: «Vemos aqui o nome do até agora comandante, Manuel Mendes, e sem colocar em causa a pessoa, com quem me deu bem, não podemos ignorar os anteriores comandantes Mário Nunes da Silva e Joaquim Patrício. Lidando como lidei com qualquer um deles, atribuir uma medalha ao Manuel Mendes e não atribuir aos outros dois… acho que não estamos a dignificar a Corporação. Em relação aos bombeiros, tendo em consideração aquilo que já se passou nos últimos anos, por tudo o que foi falado e até a Judiciária andou por lá, acho que deveria haver uma auditoria aos bombeiros relativamente aos últimos dez anos. Sentimos que as coisas não andavam bem e sentimos há muito, embora toda a gente tivesse receio de falar, que não andavam bem há muito tempo. Se calhar, houve coisas que se passaram e que não foram as mais correctas. Como quem não deve não teme, devíamos fazer uma auditoria para esclarecer as coisas». Por sua vez, João Tenreiro, vereador do PSD, admitiu que ficou surpreendido com a proposta da atribuição de «tantas» medalhas de ouro, advertindo que esta distinção corre o risco de se banalizar: «Ficámos surpreendidos quando vimos a ordem de trabalhos, onde estava a atribuição de um conjunto grande de atribuição de medalhas de ouro que deveria ter sido discutido previamente entre nós. Nem sequer é dado o critério subjacente… Não sabemos. Há o devido valor das pessoas, é um facto, mas devíamos ter mais cuidado senão corremos o risco de banalizar a medalha de ouro. Sei que o timing do dia 1 de Março, mas julgo que esta questão dos bombeiros deveria ser retirada para ser discutida entre nós, numa reunião fechada, para que depois pudesse sair algum consenso». Anabela Freitas defendeu a sua proposta, respondendo a Pedro Marques quando este disse que outros ex-comandantes, casos de Mário Nunes e Joaquim Patrício, também mereciam ser distinguidos. A presidente disse que esta homenagem deveria ter sido feita por executivos anteriores mas não fechou a porta a futuras condecorações: «Quando o senhor vereador Pedro Marques fala nos comandantes Mário e Joaquim Patrício, desculpem mas não era eu que estava na presidência da Câmara nessa altura. Durante anos e anos não houve ninguém homenageado nesta Câmara e agora que estamos a homenagear os senhores aparecem com essa questão. Entendo que foram treze anos à frente do Comando, com aspectos positivos e negativos, e deu sempre o seu melhor. E sempre que foi preciso estava a actuar. Entendo que devo distinguir este trabalhador, o que não impede que seja feito o mesmo aos anteriores comandantes. Esta é uma proposta minha. O ex-comandante Manuel Mendes foi bombeiro durante 39 anos e em termos operacionais deu o seu melhor pela população de Tomar».