Após anos e anos encerrada a Associação dos Calvinos há um ano a esta parte, reabriu em força, impulsionada por alguns dos seus sócios e os calvinenses mais bairristas entenderem que com um bom património e tanto investimento de anos e anos, era uma pena, tudo se estar a perder. A casa reabriu em 2015 e a festa anual que não se fazia há oito anos, foi uma festa de arromba. Vieram depois outras iniciativas, e o Fim do Ano e a sua passagem encheu até não caber mais ninguém no salão. Tendo comemorada há dias os seus 34 anos de vida (mesmo contando com os anos fechada) a direcção entendeu por bem, proporcionar uma noite de fados. Foi a primeira e o cartaz era de “luxo”. Poderia não parecer à primeira vista, mas quem se deslocou aos Calvinos pagando 10,00 e com direito ao tradicional caldo verde deu por bem empregue o tempo. Aqui ouviu-se fado. Fado cantando e interpretado com garra, alma, boa voz, emoção e não uns arremelhos de fado que por ainda andam, ( não todos mas alguns) que se não se tiver mão nisto a canção património Imaterial da Unesco, corre sérios riscos.
Há por aí tipo e tipa a “berrar” fado que até assustam! Mas nos Calvinos tudo começou bem. Primeiro o elenco Alexandre Silva na Guitarra Clássica, veio mostrar e provar ao ouvido que o enólogo e proprietário de um restaurante em Almeirim, percebe de restauração de vinhos e a dedilhar, cuidado. Depois o Pedro Amedoeira, na guitarra clássica, faz juz aos nomes dos Amendoeiras, no fado e é outro grande profissional. E com bons músicos, os artistas tem meio caminho andado e aí as vozes de Paulina Mirão (esposa de Alexandre Silva) do Tó Zé Nobre, da Rita Inácio (grande fadista da noite) e da fadista de Areias- Ferreira do Zêzere- Ana Fernandes, encheram a alma dos presentes e até Ana Paula Silva (mais nova nas andanças) de Venda dos Tremoços, mostrou que tem alma de fadista! Uma noite assim, com uma decoração cuidada e condicente, com um excelente som que o Luís Honório prestava, em que o som dos instrumentos saía fluido e distinto das vozes, e com bom caldo verde e chouriço assado, pena a sala só ter tido 70 pessoas, que vá lá saber-se porque, faltavam tanta gente da aldeia e de fora vieram tão poucos que assim desmotiva quem organiza. Teria sido de há dias em Pias ( bem próximo) ter havido outra noite de fados? Teria sido por causa da pouca divulgação? Certamente que não!Ou será que o povo está tesinho de todo e não há dinheiro para pagar a festa e as coisas só se enchem quando são de borla?Vá lá saber-se porquê! Mas os que estiveram nos Calvinos, poucos mas bons deram por bem empregue o tempo e em toda a organização ( cinco estrelas) só temos que dar aos parabéns a que leva esta forma de cultura à aldeia. É que com mais 70 a juntar aos setenta que estavam o ambiente seria mais rico e sempre daria para pagar a despesa! Que venham outros eventos e mais fado, que basta de “fado da desgraçadinha” que nos habituaram ao dizer que isto está tudo uma desgraça! António Freitas