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TOMAR – Anabela Freitas admitiu à Hertz que «os cem dias para avançar com uma solução para o Flecheiro não foram cumpridos»

Anabela Freitas, presidente da Câmara de Tomar, admitiu, em recente entrevista à Hertz, que não cumpriu a tão falada questão dos cem dias relativamente ao Flecheiro. Ainda assim, a autarca quis deixar claro que nunca disse que iria resolver a situação das famílias em causa no prazo de cem dias, ou seja, referiu que se dispôs neste período temporal a avançar com uma solução e não com a resolução dos problemas. Agora, disse, «o que interessa são os resultados»: «Eu disse que em cem dias apresentava uma solução. Não disse que resolvia em cem dias, apesar da leitura que é feita, muitas vezes em Assembleia Municipal. Mas também digo que a solução não foi apresentada em cem dias porque ela tem sido trabalhada ao longo do tempo. Pensávamos que tínhamos um levantamento exaustivo de toda a comunidade. E não tínhamos. E quando chegámos tínhamos apenas duas técnicas de serviço social na autarquia, pelo que era manifestamente impossível fazer esse levantamento exaustivo e ainda mais tratar de todos os assuntos social. Os cem dias não foram cumpridos mas não me importo de dizer. O que interessa são os resultados».

Relativamente à resolução propriamente dita dos problemas que afectam a comunidade do Flecheiro e artérias envolventes, Anabela Freitas disse estar convicta de que a candidatura feita pelo Município no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano irá correr de acordo com o pretendido. E esse dinheiro, sublinhou, irá permitir avançar para a edificação não só de um mas de dois parques nómadas, onde seria colocada parte da comunidade do Flecheiro. Refira-se que de entre a zona centro, Tomar está entre os municípios que podem aceder a este plano e é dos poucos que ainda tem barracas, o que pode ser uma “vantagem” no processo de escolha: «Tem que se criar mais do que um parque nómada, outros poderão ser integrados em habitação social do município sendo que estão a ser recuperadas casas no centro histórico e nos seus bairros. Aquilo que candidatámos, no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, que ainda está para renegociação com a CCDR e estamos à espera de ser chamados, aquele que é o grosso da fatia é o plano de intervenção na comunidade cigana. Não se pode retirar as pessoas dali sem haver um trabalho, quer com elas, quer para os locais para onde elas vão. Mas as preocupações não se podem centrar apenas na comunidade cigana uma vez que 1% da nossa população não tem habitação social. Convém dizer que já houve programa de erradicação de barracas que o Município de Tomar nunca aproveitou. Em pleno século XXI acho que ninguém quer barracas no seu território. Só com fundos comunitários é que iremos conseguir… não é barato… O Município, por si só, até tinha capacidade para avançar, mas teria que passar tudo o resto. Estamos em condições de que pelo menos um clã seja realojado e isto com a retirada de vários clãs para habitação social».

Anabela Freitas foi questionada pela Hertz sobre os locais onde poderão ser edificados esses parques nómadas. A presidente da Câmara de Tomar diz já ter ideias mas referiu que este processo será colocado a todo o executivo e ainda às populações das comunidades onde as pessoas serão realojadas: «Temos já destinos propostos para a edição desses parques nómadas… Sempre disse que esta situação não se resolvia num ano, em dois ou em três. Tem é que se começar a resolver. Ter-se-á que fazer um trabalho com a comunidade cigana mas também com as outras comunidades onde as pessoas serão instaladas. Há uns anos, um presidente de Câmara quis transferir toda a comunidade cigana para a zona industrial, colocando os quatro clãs que existem todos na mesma zona. Mas é difícil… a própria Polícia, e também temos falado com a Polícia porque muitas das questões que se passam ali são questões de segurança, mas, dizia eu, a própria Polícia defende a separação dos clãs».