CULTURA

TOMAR – Alviobeira voltou a repetir a sua ancestral tradição

A pacata aldeia de Dornes soma menos de 20 habitantes nas margens do Zêzere, nasceu e já “muito importante” graças à santa padroeira Nossa Senhora do Pranto que inspira há séculos a realização de Círios anuais. Diz a tradição que a própria origem desse povoado, que hoje nem sede de freguesia é e foi agregada  a Paio Mendes, cuja sede é na Frazoeira, se relaciona com Nossa Senhora do Pranto, cuja imagem se teria encontrado na serra, por indicação da Rainha Santa Isabel ao cavaleiro Guilherme de Pavia. Quarenta são os Círios registados neste Santuário, de três distritos, três dioceses e vários concelhos e freguesias)  mas só  22 ” círios”  é que têm o seu “Círio”, ou seja a vela com indicação da Paróquia e ano em que iniciaram a sua primeira ida e deste 40, afirma o Padre Manuel Vaz Patto que muitos há anos que não fazem já a peregrinação. Será que uma tradição tão bela e tão antiga está a ceder ao individualismo e aos tempos modernos?

O Padre Manuel  Vaz Patto muito tem feito por Dornes e pela valorização deste património, e pela criação do museu dos círios e afirma que a reforma administrativa das freguesias jamais se aplica às paróquias e que nas freguesias agregadas cada paróquia deve manter a sua data do círio e a sua tradição pois isso faz parte da cultura religiosa e da religiosa dos seus paroquianos. De registar a boa aposta na valorização de Dornes da Câmara de Ferreira do Zêzere e hoje Dornes já tem melhores condições turísticas e irá ter muito mais. de igual  modo a Junta de Nº Srª do Pranto.

Alviobeira, paróquia de S. Pedro, tem a sua comissão ou confraria do Espírito Santo, uma tradição bem oral passada de pais para os filhos ou herdada e cabe o círio ser organizado e levado pela mesmo comissão, que faz o peditório pela freguesia, para custear as despesas e quando a  festa é prometida, o que foi o caso deste ano de 2025, por Mário Ribeiro, que organizou um círio mantendo a tradição, fazendo inovações e que foi um dos “grandes círios dos últimos anos”. Alviobeira ruma a Dornes desde 1863 e a paróquia de Casais na mesma União de Freguesias de Casais/Alviobeira desde 1843, dado a Igreja de Casais da Soianda ser mais antiga. Foi o primeiro Círio com o novo pároco Tiago Martinha Alberto, que abençoou a saída os peregrinos de Alviobeira e depois o cortejo até ao largo do Mercado. Aí partiu, após  o estrelejar de um foguete,  a caravanas com cerca de 60 carros e a bandeira levado pelo Mário e família na carrinha de caixa aberta indo na sua frente o Som Cotrim da aparelhagem sonora que anuncia a passagem pelas “Curvas de Alviobeira” Portela de Nexebra, Água de Todo o Ano, Águas Belas, primeira paragem na Eira em Paio Mendes, para lanche de pequeno almoço e Dornes. O Padre de Dornes recebeu o cirio devidamente paramentado junto entrada da aldeia e o posto de Turismo e depois em procissão se entrou na Igreja com os dois párocos. Há muito tempo que não se via uma Igreja tão cheia, uma missa tão participada. Registe-se quem em 2013 e em 2014 inserido nas comemorações de século e  meio da ida a Dornes o Rancho de Alviobeira fez uma recriação histórica da época de 1930, com muito êxito, transmissão televisiva da RTP em carroças e galeras e almoço partilhado no adro da igreja, bailarico, participação do Rancho da Alegria  de Santo Amaro e da Banda da Frazoeira, que se associaram;  com um êxito tal que urge repetir, apesar dos custos elevados e do muito trabalho e  rigor, mas um evento que deve ser apoiado pela Câmara de Tomar e de Ferreira do Zêzere dado a sua vertente histórico cultural e turística. António Freitas