Pela primeira vez e respondendo ao convite do Manuel Jerónimo, da Saborosa e sua família, decidi embarcar nesta aventura. Os vídeos postados das últimas descidas, mostravam que não seria pêra doce, porém 8 edições e praticamente zero acidentes, davam alguma segurança, não pelo medo de magoar o corpo mas de perder uma máquina fotográfica que “não sabe nadar”. Adorei a experiência, em que a logística da organização é de excelência e em que conhecer um pedaço desta nossa região, onde em tempos houve vida, agricultura, fábrica, local de culto como capela das Lapas e chegar ao Sobreirinho, onde o Marques de Pombal instalou o que veio a ser a Fábrica de Papel do Prado, só se consegue “entrando na água”. Uma vez no Agroal o Paulo Henriques e sua equipa fazia o registo e, as jangadas mostravam a capacidade de imaginação, aliada à segurança, do que podia parecer ” os malucos dos barcos dos Flystones” mas que afinal provaram que começaram com bidões e alguns já optaram por semi-rigidos de placas de esferovite e baixo centro de gravidade, condição indispensável para não virar a jangada. O silêncio, um rio de fortíssimo cauda, a água límpida que nasce com tanta abundância no Agroal e talvez mais na zona da Mendacha, o Porto Compadre, sem viva alma, a captação dos SMAS na Mendacha, árvores caídas; tantas e tantas, os obstáculos e por fim chegar ao “esqueleto” de uma Fábrica de Porto Cavaleiros em que dá vontade de chorar ver património industrial ali apodrecer e recordar que aqui trabalharam famílias e se tirou sustento. Ultrapassar o açude desta fábrica é uma das maiores aventuras! É preciso força, cautela e muita adrenalina.
Nas barcaças, o chouriço, a imaginação, as sandes, os refrescos a cervejola. Mais abaixo pendurada da Ponte o balde das laranjas, para retemperar o estomago e por fim os Penedos das Lapas. Qual Rio Paiva e os seus passadiços, aqui se podia fazer, com recurso a fundos europeus uma das melhores zonas de caminhadas, em local agreste onde nem rede de telemóveis chega. Os Penedos das Lapas, são o Cachão da Valeira do Douro, necessitavam de cuidados e limpeza para o rio aqui ser navegável, mas passar as canoas e jangadas à mão a pé faz parte da aventura. Capela das Lapas um templo único em zona única ao qual o Padre Mário incentivou estas gentes desta freguesia a reconstruir. Daqui até ao Sobreirinho, muitas casinhas de veraneio de tomarenses que sabem desfrutar da natureza e fugir de praias apinhadas de gente. Por aqui se vê agricultura, e finalmente o Sobreirinho, onde o porco no espeto e a sopa da pedra, retemperaram estômagos, se carregou as jangadas em carrinhas e se pensa que este ano foram 50 aventureiros e mais de 15 jangadas mas que para o ano pode duplicar, quando a malta da aventura, descobrir que se faz aqui não uma competição, mas sim um convívio de aventura que uma SIC radical podia e bem transmitir, que teria audiência e cenários que só vistos, pois não se podem descrever. Obrigado à organização e á Zélia ao Manuel Jerónimo, ao Rodrigo e a pequenita Maria João por um dia que o jornalista nascido na região, qua aprendeu nadar na Ribeira de Ceras; ribeira afluente deste Nabão, que pescou neste rio e se banhou, por o ter conhecido de dentro para fora e por ter embarcado neste “cruzeiro de aventura” que qualquer agencia de turismo de aventura poderia vender por 200 ou 300 euros que o dinheiro seria bem empregue, já que muitos o poderiam fazer, mas falta-lhes o melhor – a jangada e a logística complicada de levar a mesma ao Agroal e de regressar a casa. Afinal temos tanto potencial neste nosso concelho.
António Freitas