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TOMAR – 75º aniversário dos Escuteiros – Tradição e inovação no centro da discussão

Fundado em Inglaterra, em 1907, o Escutismo é um movimento à escala mundial que está presente em 224 países e territórios, constituído por 55 milhões de jovens, homens e mulheres, sendo também a maior organização de juventude em Portugal.
Em termos gerais, o Escutismo pretende transmitir aos seus membros uma educação/formação o mais abrangente possível, de modo a serem cidadãos esclarecidos, participativos e responsáveis nas respetivas comunidades.
Neste contexto, quando está a comemorar 75 anos de existência, o Agrupamento 44 dos Escuteiros de Tomar, dinamizou no dia 15 de fevereiro, na Biblioteca António Cartaxo da Fonseca, um interessante colóquio subordinado ao tema “ Escutismo, de onde e para onde? ”.
De facto, esta iniciativa está integrada num vasto programa de atividades, as quais envolvem mais duas palestras, sendo a próxima no dia 17 de abril, alusiva à temática do “escutismo, educação e sociedade”, que registará a presença de vários oradores, sobretudo do ex-escuteiro e atual Secretário de Estado da Educação, João Costa.
Entretanto, o colóquio do passado sábado, teve a intervenção de três destacados dirigentes nacionais do CNE (Corpo Nacional de Escutas),os quais abordaram problemáticas essenciais para o movimento escutista, mas diretamente impactantes na sociedade portuguesa, europeia e mundial.
Efetivamente, o primeiro orador, o dirigente Paulo Valdez, fez uma breve caraterização histórica do movimento escutista no mundo, salientando a manipulação e o aproveitamento politico e militar que os regimes fascistas da Alemanha, Itália e Portugal fizeram dos movimentos de jovens, de modo a alertar e a impedir a sua repetição na atualidade.
Depois, este palestrante desenvolveu a sua intervenção, sublinhando a matriz concetual do movimento escutista, a qual assenta principalmente nos valores da amizade, espiritualidade, fidelidade e crescimento (pessoal e social) que, mais cedo ou mais tarde, incorporam a personalidade dos elementos que o integram.
Seguidamente, usou da palavra o dirigente João Gonçalves (ex- Presidente do Comité Mundial do Escutismo), o qual salientou que o espirito escutista já “incendiou” o mundo inteiro e hoje constitui uma rede gigantesca, onde múltiplas associações e grupos fazem pequenas coisas a nível local que, adicionadas à escala mundial, dão origem a grandes acontecimentos.
De imediato, o orador sublinhou algumas particularidades do escutismo, que o “invadem” de caraterísticas originais, como: promover capacidades práticas e competências informais nos jovens; incutir grande consciência e responsabilidade nos seus elementos; aceitar as contradições entre os níveis individual/coletivo e local/global; respeitar as diferenças étnicas, rácicas, religiosas, culturais e políticas dos seus membros; cultivar uma tensão sadia entre a tradição e a inovação; e ainda alcançar maior expansão (geográfica, territorial e natural) para envolver mais populações.
Por último, interveio o caminheiro do CNE, João Silva, o qual mencionou que o escutismo é uma “escola de liberdade” que consegue harmonizar o passado com o presente e, dentro do possível, antecipar o futuro, apostando na felicidade dos seus membros, os quais são também construtores de projetos e “sonhos” pessoais e/ou grupais.
Por sua vez, este palestrante acrescentou ainda que os desafios dos escuteiros são idênticos aos que se colocam à juventude, nomeadamente: combater o individualismo e a intolerância existentes na sociedade; contrariar as relações fluídas e frágeis que instabilizam os jovens; agir sempre com ética, universalidade e gratuitidade face a problemas humanos e sociais; e gerir de forma democrática e persistente a emergência climática que está a vitimar a humanidade.
Por fim, esta pedagógica atividade do “Agrupamento 44 de Tomar” encerrou com um diversificado debate, onde foram questionadas e refletidas matérias cruciais para o escutismo e a sociedade, como: as relações dialéticas entre a tradição e a inovação; a indiferença dos indivíduos que “mata” a sociedade atual; o peso da economia que “esmaga” os cidadãos; os fenómenos climáticos extremos que “queimam ou afogam” as comunidades; as novas tecnologias de comunicação que isolam e “silenciam” os jovens e/ou adultos; os dilemas e potencialidades do escutismo em terra, no mar e no ar; e ainda a dimensão da “espiritualidade” no seio do movimento escutista.
José Rogério