“Como melhorar o Turismo Rural” foi a temática do workshop que decorreu no Salão da Assembleia Municipal da Sertã, no passado dia 21 de fevereiro. Dinamizado pela AHRP – Associação dos Hotéis Rurais de Portugal com o apoio do Município da Sertã, o workshop teve como propósito apresentar vantagens estratégicas da digitalização e as oportunidades que certas plataformas digitais podem oferecer. “O Turismo é uma indústria muito dinâmica e competitiva”, o que obriga as “empresas a diferenciarem-se através da prestação de serviços originais e diferenciadores”, referiu Elsa Marçal, Vogal Executiva da Turismo do Centro, sublinhando que “hoje há um novo contexto competitivo no Turismo e as empresas têm que apostar numa nova fase de desenvolvimento assente no conhecimento na capacitação e na inovação. As tecnologias de informação e o Turismo Rural estão interligados: a transformação digital implica a adopção de novas tecnologias para tornar os processos mais eficientes.” Carlos Miranda, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, referiu a importância da evolução do sector do Turismo no concelho da Sertã, destacando o carácter estratégico da modernização e digitalização. O autarca focou o âmbito de atuação comum entre a atividade empresarial turística e a atividade da câmara municipal, com “muitos pontos que se tocam, concretamente na promoção da identidade do nosso território”, que passa pela divulgação do território e pelos produtos regionais. Carlos Miranda sublinhou a importância dos lagos do Zêzere, proporcionados pelas albufeiras que, embora estando no interior, constituem “uma enorme linha de costa”, devendo a sua divulgação ser reforçada. No que diz respeito à valorização e qualificação dos produtos endógenos, o autarca revelou que “começámos agora a fazer um trabalho profundo no sector dos vinhos concretamente ao nível da qualidade do produto e da imagem, para que sejam comercialmente mais apelativos. (…) Temos um conjunto vasto de produtos de qualidade, seja azeite, queijos, aguardente de medronho, hortícolas, peixe do rio, etc, que são muito importantes para a valorização e qualificação da oferta turística”. A oferta cultural promovida pela Câmara Municipal foi também destacada pelo edil, que referiu “um conjunto de eventos que ao longo do ano possam trazer pessoas à Sertã”, especialmente nas épocas mais baixas. Carlos Miranda elencou alguns dos grandes eventos que irão decorrer ao longo de todo o ano, e abordou a programação regular da Casa da Cultura da Sertã, que foi “reforçada neste ano: de 15 em 15 dias temos oferta qualificada na Casa da Cultura”, referindo que encheu nos últimos espetáculos. “Significa que temos aqui sempre motivos para trazer pessoas (…) é uma atividade muito intensa e com muita qualidade (…) que, certamente, supera a oferta cultural de muitas cidades de maior dimensão”. Nós queremos marcar esta diferença: somos uma região com uma grande centralidade geográfica, mas também um grande dinamismo cultural, económico e social. Tudo isto resulta da nossa estratégia para manter o concelho vivo e ativo e para trazer pessoas ao nosso concelho.” Carlos Miranda referiu que todos os eventos realizados representam apenas 5% do orçamento municipal e que os restantes 95%, não sendo tão visíveis, são igualmente importantes como as “grandes obras que temos vindo a lançar que vão valorizar muito o concelho do ponto de vista turístico. É muito importante que a Sertã tenha espaços que possam trazer pessoas e incentivar que permaneçam mais tempo (…) nos hotéis e nos restaurantes. O autarca anunciou para breve a inauguração da Casa Museu Túllio Victorino, “um espaço muito moderno que vai valorizar muito o concelho da Sertã e que terá condições excepcionais para ser visitado.” Carlos Miranda referiu que está para breve o lançamento do concurso da requalificação do Castelo da Sertã, que é um “ponto absolutamente essencial dentro da vila da Sertã para valorizar toda a zona histórica e toda a vila” e terá condições para ser um dos locais mais visitados. “Estas obras vêm ajudar e valorizar o Turismo no concelho e também a atividade dos empresários ligados ao turismo.” Referindo-se em concreto à temática do workshop, Carlos Miranda referiu que a Câmara Municipal da Sertã está empenhada na digitalização do Turismo e revelou que “estamos prestes a entrar numa experiência piloto nesse domínio, através da integração de um observatório da qualidade do Turismo, em parceria com outros concelhos da região”, finalizou. Gonçalo Gomes, Chefe do Núcleo de Apoio ao Investimento Turístico do Centro, apresentou as oportunidades de financiamento em vigor e mostrou total disponibilidade para auxiliar os empresários em projetos. Aquele responsável abordou a importância de haver proximidade entre o conhecimento académico e o meio empresarial para melhorar a performance das empresas. Neste campo, focou o concurso de teses académicas, lançado há oito anos, com vertente de teses de mestrado e dissertações de doutoramento, que premeia as melhores teses de cada uma das tipologias, com o “intuito de recolher toda a informação e depois partilhá-la numa plataforma” que apresenta também informação estatística de relevância. Para além de apresentar a missão da Turismo do Centro, Gonçalo Gomes abordou as oportunidades de financiamento, quadros comunitários e sistemas de incentivo nacionais, que têm a digitalização como um dos objetivos centrais, “dirigida não só ao Turismo mas a toda a atividade económica em Portugal.” Pedro Carvalho, da Associação dos Hotéis Rurais de Portugal, fez um ponto de situação quanto à falta da digitalização, apontando diversos motivos como o baixo conhecimento do digital, pouca capacidade de reinvestir com elevados custos fixos e desconhecimento. “É necessário estar presente [no digital] para não ser esquecido”, sublinhou Pedro Carvalho. Apontou a necessidade de fazer segmentação para chegar ao cliente certo e referiu que a digitalização deve ocorrer na comunicação (e-mail, site, newsletter, etc), na promoção (site, redes sociais, plataformas, apps), na distribuição (motores de reserva, channel manager, etc), na criação de valor (certificados digitais, selos de garantia, comentários), na comercialização (site, motores de reservas, agências, etc) e na fidelização (bases de dados e apps). A encerrar a sessão, Filipe Carvalho, da Skillmind, apresentou a App Concierge Digital, que permite facilitar a gestão hoteleira, criar e personalizar roteiros, entre outras funcionalidades.