Os 120 anos do nascimento do pintor Túllio Victorino são o mote para uma tertúlia que a Câmara Municipal da Sertã organiza no próximo dia 14 de Dezembro, no Ateliê Túlio Victorino, em Cernache do Bonjardim, a partir das 16h30m. A vida e obra do pintor Túllio Victorino estarão em destaque nesta iniciativa, que junta os convidados Manuel Costa Cabral, Miguel Telles da Gama e Pedro Calapez. A moderação estará a cargo do escritor Miguel-Manso.
A tertúlia terá como objetivo a discussão informal de ideias sobre a pintura contemporânea portuguesa e o papel que o pintor Túllio Victorino desempenhou no seu seio. Para o presidente da Câmara Municipal da Sertã, José Farinha Nunes, esta iniciativa “insere-se numa estratégia de promoção e divulgação da vida e obra do pintor Túllio Vitorino, natural do concelho, durante a qual foram já realizadas algumas exposições com quadros seus e com obras de outros pintores com quem tinha relações, como José Malhoa”. José Farinha Nunes acredita que esta “aposta nos vultos culturais que nasceram no concelho imprime uma nova dinâmica ao sector da cultura e afirma a Sertã no panorama nacional, mostrando que no Interior também se presta atenção a estes fenómenos”.
Os convidados desta tertúlia são figuras ligadas ao mundo das artes. Manuel Costa Cabral é pintor e professor, tendo dirigido o Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian entre 1994 e 2011. Em 1973 fundou a escola independente Ar.Co- Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa. Por seu lado, o pintor Miguel Telles da Gama apresenta um percurso artístico bastante relevante, expondo regularmente desde o início da década de 1990 em galerias e instituições. Participou também em diversas exposições coletivas dentro e fora de portas, designadamente nos 50 anos da Galeria 111, em Lisboa, ou nas exposições «Cha-Co», em Santiago do Chile, e «Bridges/ International Art Exhibition», no National Museum of Ethiopia. Já Pedro Calapez é um artista plástico, que vive e trabalha na cidade de Lisboa. Começou a participar em exposições na década de 1970, tendo realizado a sua primeira exposição individual em 1982. Desde então, o seu trabalho tem sido mostrado em diversas galerias e museus em Portugal e no estrangeiro. Esta tertúlia, que assinalará os 120 anos do nascimento de Túllio Victorino (nasceu a 14 de Dezembro de 1896), inclui ainda a projeção de um pequeno documentário sobre a vida e obra deste pintor, além de um momento musical a cargo dos alunos do Pólo da Sertã do Conservatório de Música de Coimbra.
Sobre o pintor Túllio Victorino:
Túlio da Costa Vitorino nasceu em Cernache do Bonjardim a 14 de Dezembro de 1896. Filho do abastado proprietário e político republicano, Alfredo Vitorino da Silva Coelho e de Alice Dias Costa, Túlio Vitorino frequentou os primeiros estudos em Cernache do Bonjardim antes de rumar a Lisboa para ingressar na Escola Industrial Afonso Domingues. O amigo e também pintor José Malhoa aconselhou-o depois a matricular-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde foi aluno de Columbano Bordalo Pinheiro, uma das suas principais influências. Nas férias em Cernache, entretinha-se a pintar e a desenhar os cenários para as peças de teatro, levadas à cena por atores amadores. Concluiu o curso na Escola de Belas-Artes do Porto, em 1919, tendo-se cruzado com outro dos seus grandes mestres, João Marques de Oliveira. Lecionou depois Desenho em alguns estabelecimentos de ensino, mas a paixão pela pintura estava já no topo das suas prioridades.
Os seus quadros foram apresentados em diversas exposições coletivas até que, em Junho de 1929, inaugurou a sua primeira exposição individual, na cidade de Castelo Branco. As suas paisagens e figuras de tipo regionalista foram muito apreciadas e o seu estilo pictórico começava a afirmar-se. Nos anos seguintes, realizou inúmeras exposições por todo o país, em cidades como Lisboa, Porto, Coimbra ou Tomar, e também no estrangeiro.
Em 1941, passou a residir em definitivo em Cernache do Bonjardim, utilizando a casa-estúdio que o seu pai começara a construir na viragem para o século XX e que Túlio Vitorino concluiu, imprimindo o seu toque tão pessoal. Casou com Fernanda Maria Vitorino, com quem teve três filhos: Hener Vitorino, Tito Vitorino e Ticiano Vitorino. Em Novembro de 1963, inaugurou a sua última exposição, realizada na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa. Com uma saúde já bastante debilitada recebeu, em 1964, o convite para sócio da International Arts Guild, que foi obrigado a recusar devido ao seu estado físico já não permitir grandes viagens. Faleceu a 23 de Março de 1969. Alguns dos seus quadros estão hoje expostos em vários museus nacionais, como o Museu Nacional Soares dos Reis, Museu José Malhoa, Museu do Chiado ou o Museu Nacional Machado de Castro.