No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, o Município da Sertã homenageou a 8 de março, Dia Internacional da Mulher, as “Mulheres de Armas” do concelho. Na cerimónia, que decorreu no Salão da Assembleia Municipal, Cristina Nunes, Vereadora da Ação Social da Câmara Municipal da Sertã, começou por assinalar a luta que as mulheres fizeram para que “todas nós pudéssemos aqui estar em Liberdade não subjugadas ao medo, não presas a estereótipos de género, termos a capacidade de análise crítica, termos Voz!!”. À sessão de abertura, seguiu-se a conversa com mulheres do concelho da Sertã, de diversas profissões, que vivenciaram na primeira pessoa, o 25 de Abril de 1974. Moderada pelo jornalista Rui Lopes, a conversa recordou uma época em que a ideologia vigente colocava a mulher numa posição de inegável desvantagem. Celeste Nogueira Farinha, Luísa Melro, Maria do Carmo Costa, Maria Emília Nunes, Maria Isilda Antunes e Maria Lúcia Alves partilharam as suas experiências enquanto empreendedora, professora, costureira, padeira, agricultora e enfermeira. Com diferentes perspetivas, fruto da experiência de cada uma, todas concordaram que foram tempos difíceis, de luta, conquistas e alegrias, e que há ainda um longo caminho a percorrer para alcançar a igualdade de género. Rogério Roque Amaro, avaliador externo do Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação do Município, destacou ”o longo caminho de luta e conquista das mulheres para chegar onde estão hoje, ainda com direitos por conquistar”, afirmando que “durante muito tempo sem direito ao voto e ao trabalho este dia assinala, entre outras, estas lutas e conquistas”. Enquanto economista, Roque Amaro, salientou a “Economia do Cuidado”, que se traduz no cuidado das crianças, dos idosos, dos que deles necessitam. Tratando-se de um conceito recente “a Economia do Cuidado, não sendo exclusiva, foi e é, sobretudo, uma economia das mulheres que precisa de ser valorizada e ensinada. É um tipo de economia que também se traduz em riqueza para o país” afirmou Roque Amaro. Enquanto avaliador, elogiou a equipa responsável pelo Plano Municipal para a Igualdade pelo trabalho desenvolvido neste âmbito, sublinhando que “ apesar das conquistas alcançadas, ainda temos muito que lutar para que haja dignidade entre todos e todas, entre mulheres e homens, os mais novos e os mais velhos, entre os que vivem no meio urbano e no meio rural, porque ainda há muita conquista por fazer”. A comemoração do Dia Internacional da Mulher terminou com a homenagem às “Mulheres de Armas” presentes, mulheres do concelho da Sertã, que integram ou integraram as Forças Armadas, com o objetivo de enaltecer e destacar o seu papel nas estruturas militares. “Foi no final da década de 80 que as cidadãs portuguesas passaram a poder integrar o serviço militar voluntário. O primeiro ramo a integrar a participação de mulheres foi a Força Aérea, em 1988, com o recrutamento de duas mulheres para o curso de piloto da Academia da Força Aérea, seguindo-se o Exército e a Marinha (1992)” destacou Cristina Nunes. Às homenageadas, a autarca, deixou palavras de apreço: “são a prova de que as Mulheres não deixam de ser esposas, não deixam de ser mães, não perdem a sua identidade por usarem uma farda, não perdem as vossas convicções por agarrarem em armas” concluiu. A cerimónia terminou com a entrega de lembranças às homenageadas por Carlos Miranda, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, Rui Antunes, Vice-Presidente, Cristina Nunes, Vereadora, António Xavier, Vereador, e José Carlos Fernandes, Vereador.
Mulheres de Armas – Ana Barata Martins, Ana Simão, Céline Mendes Batista, Daniela Brito, Elisabete Rodrigues, Inês Estêvão, Maria João Mendonça, Telma Farinha, Ana Sofia Nunes, Ana Rafaela Anaya, Ana Sofia Cristóvão, Andreia Patrícia Capitão, Carla Lopes, Carla Mateus, Carla Sandra Fernandes, Catarina Martins, Cristina Lourenço Martins, Donzília Rodrigues, Inês Nunes, Isabel Fernandes, Marília Farinha, Patrícia Ferreira, Paula Martins Ventura, Regina Gomes, Sílvia Raquel Pires, Sónia Nunes e Susana Mendes.