A vila da Sertã foi invadida por violas beiroas, numa ação levada a cabo pelo projeto «Leitores do Património» que desafiou centenas de alunos a pintarem uma silhueta de uma viola beiroa. São no total 450 silhuetas de violas beiroas pintadas por 450 alunos que podem ser vistas nas montras de 51 lojas de comércio tradicional e mais 24 violas de grandes dimensões pintadas coletivamente pelos alunos de 24 turmas e que foram colocadas na fachada da Biblioteca Municipal Padre Manuel Antunes, que coordena este projeto. Esta autêntica exposição global, designada «Cancioneiro tradicional: memória e imaginário», é o resultado mais visível da sexta edição do projeto «Leitores do Património» que, ao longo deste ano letivo, envolveu 450 crianças (alunos do 1.º ciclo e da educação especial) num conjunto de sessões em torno da tradição musical da Beira Baixa e, mais concretamente, da viola beiroa. “Os «Leitores do Património» são um projeto que tem vindo a crescer de forma sustentada e demonstra uma vitalidade e originalidade que convém sublinhar”, destacou Carlos Miranda, presidente da Câmara Municipal da Sertã. Este projeto “tem como premissa fundamental o crescimento dos níveis de literacia da comunidade e a difusão da identidade cultural do concelho junto das crianças. A conjugação destas duas realidades tem sido benéfica para os destinatários do projeto, que conta já com seis anos de atividade”, explicou o autarca. edição deste ano, à semelhança das anteriores, compreendeu um conjunto de várias sessões, designadamente atividades lúdicas e pedagógicas em contexto de sala de aula; visitas de estudo ao Museu da Música de Coimbra, onde as crianças participaram na construção de uma viola beiroa que pode ser visitada na exposição; sessões-concerto no Cineteatro Tasso com os músicos Miguel Calhaz e Marco Figueiredo; além de atividades de exploração artística, na Biblioteca Municipal, da qual resultaram os trabalhos agora expostos. Tal como sucedeu em edições passadas do projeto e visando o diálogo intergeracional, os Centros de Dia do concelho foram convidados a associar-se a esta iniciativa, tendo participado cerca de meia centena de idosos nas sessões-concerto. A exposição tem um conjunto de assemblagens criadas por Joana M. Lopes a partir do cancioneiro da Beira Baixa e que visam estimular os visitantes a participar na experiência «Cápsula da Memória», um espaço dentro da exposição onde os visitantes podem fazer registos videográficos acerca das suas memórias relativas ao património musical da região. “Esta autêntica instalação artística de grandes dimensões só foi possível graças ao trabalho e criatividade das nossas crianças, que demonstraram mais uma vez estar comprometidas com a valorização do nosso património cultural endógeno. Além disso, importa destacar o reconhecimento que os nossos comerciantes deram a este projeto, associando-se a ele e permitindo que as suas montras ficassem ainda mais engalanadas com as violas beiroas”, acrescentou Carlos Miranda, que deixou ainda palavras muito elogiosas à equipa coordenadora do projeto. A exposição, que estará patente ao público até 31 de julho, terá um momento especial no próximo dia 6 de julho, no âmbito da Maratona de Leitura, quando decorrer uma visita guiada à exposição, conduzida por algumas das crianças participantes no projeto.