A Casa da Cultura da Sertã acolheu o colóquio “Vamos Falar de Intervenção Precoce na Infância”, no passado dia 26 de outubro. Dirigido a pais, educadores, professores, terapeutas e psicólogos, a iniciativa teve com o objetivo dar a conhecer a Intervenção Precoce na Infância, como funciona e os principais desafios. O início do colóquio foi pautado por um momento musical realizado por alunos de Educação Musical do Agrupamento de Escolas da Sertã, sob orientação da Prof. Sílvia Sousa. Carlos Alberto de Miranda, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, focou a pertinência e a importância da temática do colóquio, referindo o número de inscrições e a qualidade dos oradores como garantia de sucesso da iniciativa. O autarca referiu-se à primeira infância como sendo “um momento marcante do nosso desenvolvimento pessoal e é aí que se joga muito daquilo que seremos no futuro do ponto de vista físico, mental e social. (…) É também uma fase de grande desafio para a família e para a comunidade: é importante que a criança desenvolva sentimentos de segurança e bem-estar e que usufrua de um ambiente rico e estimulante.”. Carlos Alberto de Miranda mostrou-se preocupado “sobremaneira com a questão basilar da igualdade de oportunidades… que alguém venha a não ter as mesmas oportunidades de desenvolvimento, cultural, social ou económico em função das condições que lhe foram proporcionadas na sua infância, é uma matéria que deve angustiar todos os defensores de uma sociedade democrática e inclusiva”. Assim, “a intervenção precoce na infância é, pois, uma das formas de consolidar a nossa sociedade democrática. É também uma forma de garantir que todos os seres humanos possam exprimir o melhor que têm a dar à sociedade”, frisou o autarca. “A infância é uma fase extraordinária da vida em termos de desenvolvimento cerebral, pois é nesta fase que as aprendizagens decorrem com maior fluidez e rapidez. A infância é também um grande desafio para a família”, referiu José Carlos Fernandes, Diretor do Agrupamento de Escolas da Sertã. “É nesta fase que se constroem as relações parentais e familiares, sendo importante que as crianças desenvolvam sentimentos de bem-estar e segurança e realizem atividades estimulantes. É nesta fase que estão reunidas as condições ideais para que, caso seja necessário, ocorra uma intervenção junto das crianças, em especial em crianças com alterações nas estruturas ou funções do corpo e/ou com risco grave de atraso de desenvolvimento, de modo a melhorar o seu desenvolvimento emocional, social, cognitivo e de linguagem” Assim, é possível “contribuir para uma melhor preparação para o sucesso escolar e, mais tarde, para as suas vidas. Por tudo isto, o investimento na intervenção precoce na infância, é um investimento crucial e não uma despesa, pois será mais profícuo e menos oneroso do que tratar as consequências das problemáticas iniciais em fases posteriores”, sublinhou José Carlos Fernandes. Rosa Maria Rocha, Subcomissária da Coordenação Regional do Centro do Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância, traçou o retrato nacional das diversas ELIs assim como o número de crianças acompanhadas. “Estas iniciativas engrandecem-nos a todos” disse, referindo-se ao colóquio. Teresa Nunes Marques, especialista em Intervenção Precoce na Infância (IPI), abordou aspectos relacionados com os direitos humanos e os direitos da criança, inclusão social e desenvolvimento humano e economia social. “A IPI promove a saúde e o bem-estar, reforça competências emergentes, minimiza atrasos no desenvolvimento, remedia disfunções, previne deterioração funcional e promove capacidades parentais adaptativas e o funcionamento familiar geral”. “Se a sociedade intervier precocemente, pode melhorar capacidades cognitivas e sócio emocionais, bem como a saúde de crianças desfavorecidas,” referiu Teresa Nunes Marques. Donzília Alves, enfermeira e coordenadora da Equipa Local de Intervenção (ELI) da Sertã, apresentou a abrangência territorial (concelhos de Sertã, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila de Rei) e a constituição da equipa, assim como as competências daquela estrutura. A coordenadora chamou a palco e apresentou a equipa, constituída por elementos representantes dos Ministérios da Saúde, da Educação e do Trabalho e da Solidariedade Social. Telma Alexandre e Mara Faustino, psicóloga e terapeuta da fala, respectivamente, apresentaram um pouco da sua experiência de trabalho na ELI da Sertã, especificamente o roteiro da intervenção precoce na infância, composto pelas fases de referenciação, avaliação e intervenção. Neste âmbito, a família é o centro de toda a intervenção e em que são promovidas as suas forças e capacidades. São o elemento chave da intervenção dado que os pais têm mais oportunidades, do que qualquer profissional, de interacção e promoção do desenvolvimento da criança. Isabel Tomázio Correia, coordenadora da ELI do Seixal, trouxe um momento de reflexão sobre os desafios quotidianos dos profissionais de intervenção precoce na infância e sublinhou a importância do “desocultar” das realidades e das necessidades das crianças, das famílias e dos profissionais. O colóquio “Vamos falar de Intervenção Precoce na Infância” foi promovido pela Equipa Local de Intervenção (ELI) da Sertã do SNIPI (Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância), com a parceria do Município da Sertã e do Agrupamento de Escolas da Sertã.