O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, prestou homenagem ao Tenente-Coronel Fernando Salgueiro Maia, com Ricardo Gonçalves, Presidente da Câmara de Santarém, Natércia Maia, viúva de Salgueiro Maia, Daniela Salgueiro Maia, neta do homenageado, José Azeredo Lopes, Ministro da Defesa Nacional, António Pinto Correia, Presidente da Assembleia Municipal de Santarém e Carlos Marçal, Presidente da União de Freguesias da Cidade de Santarém, junto à estátua evocativa do Capitão de Abril, no Jardim dos Cravos.
No dia em que o Capitão sem Medo foi homenageado, o Presidente da República anunciou que vai condecorar Fernando Salgueiro Maia com a Ordem do Infante D. Henrique, no próximo dia 01 de julho, dia em que o Capitão de Abril faria 72 anos. Marcelo Rebelo de Sousa referiu que Salgueiro Maia saiu de Santarém, a “sua terra adotiva”, da Escola Prática de Cavalaria, na madrugada de 25 de Abril de 1974, à frente de uma coluna militar que teve um papel fulcral no derrube do regime do Estado Novo. “Quarenta e dois anos depois, aqui está, em Santarém, na sua terra adotiva, alguém que em 1974, com 25 anos, vibrou com o momento histórico da abertura para a democracia, a homenagear um homem que soube representar a serena coragem de um povo, mas, mais do que isso, está o Presidente da República de Portugal que neste primeiro 25 de Abril, após ter assumido as suas funções, vem dizer que decidiu condecorar Fernando José Salgueiro Maia com a Ordem do Infante D. Henrique”, anunciou o Presidente da República.
A Ordem do Infante D. Henrique “destina-se a distinguir quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores”, refere a página da Presidência da República. Milhares de pessoas assistiram à cerimónia realizada junto à estátua de Salgueiro Maia e da chaimite “Bula” (que transportou Marcelo Caetano), e ouviram Marcelo Rebelo de Sousa justificar a sua presença, sobretudo, por querer “agradecer a Salgueiro Maia o ter encabeçado o começo da alvorada democrática e o ter permanecido igual a si próprio até ao fim da vida”.
O Presidente da República referiu também que Salgueiro Maia como “grande na humildade, coerente no caráter, fiel ao povo que era e que soube encarnar ao serviço de Portugal”. Marcelo Rebelo de Sousa destacou o homem “simples, sem ambições de mando ou de glória”, que, terminada a missão militar, que foi “sobretudo uma missão cívica”, soube “regressar ao quartel para voltar a ser o que era, com a naturalidade de quem não reclama louros nem aspira a celebridade”. Para o Presidente da República, Salgueiro Maia “deu expressão a um povo e a uma maneira de ser e de viver ao longo dos séculos” marcada por “uma vontade discreta mas firme de servir Portugal sem alarido nem busca de fama”. “Salgueiro Maia foi há 42 anos o retrato desse povo que é o que Portugal tem de melhor, melhor do que os mais falados, os mais renomados, os mais influentes ou tidos como tal. Melhor dos que os mais poderosos na política ou na economia”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa.
Ricardo Gonçalves, referiu, no discurso de homenagem a Salgueiro Maia, que “hoje, mais do que nunca, as conquistas da revolução dos cravos devem ser tomadas à escala global”. O Presidente da Câmara de Santarém lembrou que “É indispensável que tenhamos bem vivas, na nossa memória, as palavras desafiadoras de Salgueiro Maia, incitando todos a sair da apatia e lutar para perpetuar os valores da liberdade e da democracia”. Ricardo Gonçalves disse ainda que “Cada um de nós tem obrigação de responder ao desafio que Salgueiro Maia nos lançou e, neste novo mundo globalizado onde vivemos, lutarmos, para “acabar com o estado a que chegámos!”.
O Presidente da Câmara de Santarém agradeceu ao Presidente da República ter vindo a Santarém homenagear Salgueiro Maia, e acrescentou que deposita em Marcelo Rebelo de Sousa, “a esperança de que possa constituir o garante da Constituição da República Portuguesa e ser uma voz ativa na defesa dos ideais de Abril, pugnando por um Portugal mais justo e com governantes que defendam, acima de tudo, os valores da liberdade, democracia fraternidade, respeito, dignidade e paz”. Ricardo Gonçalves dirigiu as suas palavras ao Presidente da República, ao afirmar que “Santarém, Capital da Liberdade”, vai precisar “da sua preciosa ajuda para recuperar o espólio do Museu de Cavalaria, Tenente Coronel Salgueiro Maia, que atualmente se encontra em Abrantes”, e convidou-o “para ser o embaixador do nosso futuro Museu, o Museu do 25 de Abril e da Liberdade”.
A cerimónia ficou ainda marcada pelo depoimento de Daniela Salgueiro Maia, neta de Salgueiro Maia, que afirmou o “orgulho imenso nos valores que o avô deixou, a coragem, a humildade, a solidariedade e a honestidade com que sempre viveu” e agradeceu ao Presidente da República o ter aceitado participar na cerimónia simples que todos os anos se repete neste local. Nesta homenagem participaram ainda os vereadores da Câmara de Santarém, de todas as forças políticas, presidentes das juntas de freguesia do concelho de Santarém, militares das Forças Armadas, a neta do homenageado, Daniela Salgueiro Maia, a Sociedade Filarmónica Alcanedense, dirigida pelo maestro Alberto Lages, que tocou a “Marcha 25 de Abril” e “Grândola Vila Morena”, e as forças vivas da Cidade e do Concelho. www.cm-santarem.pt