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SANTARÉM – Joaquim Maria da Silva homenageado em conferência

A Câmara de Santarém acolheu na tarde de dia 28 de novembro, a Conferência “Filosofia Política de Joaquim Maria da Silva. Pessoa, Comunidade e Bem”, por Carlos Pacheco Amaral, Presidente da Comissão Organizadora dos Colóquios do Atlântico, integrada no III Colóquio do Atlântico. A sessão de abertura desta Conferência contou com a presença de Inês Barroso, Vice-Presidente da Câmara de Santarém, Carlos Pacheco Amaral, da Universidade dos Açores e Manuel Cândido Pimentel, da Universidade Católica Portuguesa. A 3ª edição desta iniciativa, que decorre em Lisboa, Santarém e em Angra do Heroísmo, de 26 a 29 de novembro, é dedicada ao estudo da vida, obra e pensamento de Joaquim Maria da Silva (1830-1915) – filósofo, liberal, professor, que também foi Presidente da Câmara de Santarém, de 1884 a 1886, e professor do Liceu Nacional de Santarém, onde exerceu o cargo de reitor durante cerca de 40 anos.

Em 1884, quando foi empossado Presidente Câmara Municipal desta Cidade, deu indicações para a construção do Matadouro Municipal e foi durante a sua gestão que uma comissão executiva, composta por João Fagundes da Silva e João Baptista Augusto dos Santos, redigiu o Regulamento do Matadouro Municipal e Talhos de Santarém. A ideia da construção da Ponte D. Luís, em 1866, deve-se não só à Junta Geral do Distrito de Santarém, mas também a Joaquim Maria da Silva, uma das personalidades mais evidentes em Santarém, na segunda metade do século XIX. Joaquim Maria da Silva fundou o Jornal “O Scalabitano”, que redigiu e dirigiu. primeiro número data de 13 de novembro de 1856, altura em que formou a Empresa Tipográfico-Scalabitana, que sustentou a edição deste jornal, que existiu até 15 de julho de 1857. Fixou-se em Santarém, onde tinha família, casou e viveu. Advogado e professor liceal, integrou a elite intelectual da então vila de Santarém, e privou, entre ouros, com Alexandre Herculano, de quem era amigo pessoal e advogado. O seu nome é recordado na Rua Joaquim Maria da Silva, em Tremês, Santarém, inaugurada em 2007.

Joaquim Maria da Silva, nasceu em Angra do Heroísmo – Açores, em 1830 e faleceu em Lisboa, a 27 de setembro de 1913. Jurista, bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra em 1854, notabilizou-se pelo seu pensamento político. Autor de algumas obras de Filosofia Política, nesse mesmo ano de 1854, publicou na cidade do Porto, logo após ter terminado o curso, uma obra intitulada “Federação ibérica”, ou ideias gerais sobre o que convém ao futuro da península, considerada uma das obras pioneiras do republicanismo federal. Defendia o ideário iberista na forma do republicanismo federal. Procurou inspiração no caldo doutrinário pacifista, republicano, federal, internacionalista e utópico que então atraía a juventude inconformista, visível na obra que aborda dois temas distintos: a criação da Federação Ibérica e um projeto de bases para uma Constituição Federal dos Estados Unidos da Ibéria.

Embora remeta para um futuro distante a concretização dos ideais defendidos, defendia ter como objetivo contribuir para a construção da respublica ideal, através da reunião da família dos povos peninsulares. Reconheceu obstáculos e resistências, e conclui ser esse o caminho que deve ser trilhado pelos povos da Península Ibérica. Considerado como paradigma do pensamento político utópico português oitocentista, o texto encerra em tom otimista: “Felizes os que então viverem! Beneméritos da humanidade os que concorrerem com os seus esforços e vontades para o alcance e realização dessa idade de ouro, de paz, de fraternidade”.

Os Colóquios do Atlântico são promovidos pelo Instituto de Filosofia Luso-Brasileira e pelo Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores, em parceria com o Centro de Estudos de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, e contam com o alto patrocínio do governo da Região Autónoma dos Açores. Esta iniciativa realiza-se anualmente, em Lisboa e nos Açores, e tem por objetivo o estudo de figuras relevantes do pensamento e da cultura portuguesa oriundas daquele arquipélago, bem como de temas e problemas culturais e especulativos que tenham recebido contribuição significativa ou encontrado expressão individualizada em autores ou personalidades açorianas. As organizações dos Colóquios do Atlântico tiveram início em 2015, com o estudo da obra e do pensamento de José Enes (1924-2013), e prosseguiram no ano seguinte, sobre o estudo da obra e do pensamento de Gustavo de Fraga (1922-2003). Já estão publicadas as Atas do I Colóquio do Atlântico, dedicado a José Enes, e está em curso a publicação das Atas do II Colóquio, consagrado à obra e pensamento de Gustavo de Fraga. Para mais informações, consulte: http://coloquiosdoatlantico.webnode.com/ www.cm-santarem.pt