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SANTARÉM – Coronavírus. Hospital prepara-se para retomar a actividade assistencial regular depois da fase mais delicada da pandemia

O Hospital Distrital de Santarém (HDS) vai começar, gradualmente, a retomar a atividade regular. A decisão da Administração do hospital ocorre numa altura em que a pressão sentida devido à Covid-19 está, finalmente, a aliviar, o que permitiu reduzir o número de camas em enfermaria para doentes com Covid-19 e, consequentemente dar resposta à procura crescente de doentes não covid. Segundo Paulo Sintra, diretor clínico do HDS, no último ano o hospital manteve, dentro do que a pandemia permitia, a resposta em todas as áreas mais sensíveis. “Todos os tratamentos a doentes oncológicos e crónicos foram realizados ou reagendados dentro dos tempos tidos como seguros. Tanto a radioterapia, como a quimioterapia e, especialmente, a cirurgia de doentes oncológicos mantiveram níveis de excelência”, refere. E acrescenta: “Se no pior período da pandemia alguns indicadores caíram para valores preocupantes, em dezembro de 2020 já mostravam franca recuperação. Exemplo disso é a percentagem de doentes oncológicos tratados dentro do tempo máximo de resposta garantido (TMRG), que em janeiro de 2020 se situava nos 77%, e em junho de 2020 tinha caído para 46% e em dezembro havia recuperado para 83%, tendo como objetivo atingir os 95% ainda este ano.” De acordo com o responsável, “a gestão rigorosa de recursos e capacidade, assim como a resiliência dos seus colaboradores, permitiu evitar repercussões mais graves da pandemia na saúde da população que o hospital serve “.

Adicionalmente, refere, “a articulação em rede, recebendo e enviando doentes de e para diferentes pontos do país (e que ainda continua na área da Saúde Mental), com destaque para a ARSLVT e, em especial, com o ACES Lezíria, foi a pedra de toque para que um sistema já habitualmente sobrelotado e sobre utilizado conseguisse enfrentar e ultrapassar o maior desafio de saúde do século”. Paulo Sintra sublinha o trabalho desenvolvido pelos profissionais de saúde, aos quais, refere, “devemos o bom trabalho e os bons resultados!”. Em 2020, o HDS realizou 132.228 consultas reduzindo o tempo médio de espera por consulta dos 151 dias em junho de 2020 para os 96 dias em dezembro de 2020, tendo apenas 10% das suas consultas em espera com mais de 9 meses. Por sua vez, foram realizadas 6.017 cirurgias permitindo recuperar a mediana de tempo de espera para cirurgia de 6,8 meses para 5,2 meses. “Apesar de algumas fragilidades a melhorar, o Hospital de Santarém, com o apoio de todos os seus parceiros, diretos e indiretos e, principalmente, com o carinho da população que serve, expresso tantas vezes e de formas tão diversas, voltou a demonstrar vitalidade crescente naquele que foi o pior momento dos serviços de saúde portugueses em 100 anos”, afirma Paulo Sintra.

Projetos pós-Covid 19 – No que respeita ao futuro, Paulo Sintra adianta que um dos grandes objetivos é aumentar a atividade com doentes não covid, nomeadamente daqueles considerados não prioritários, recuperando áreas como a cirurgia de ambulatório. Por outro lado, o diretor clínico revela que outra das intenções é continuar o encaminhamento de doentes não graves do Serviço de Urgência para os Centros de Saúde, dando continuidade à dinâmica já iniciada há um ano, com a intenção, entre outras, de alocar os recursos humanos a outras áreas de tratamento hospitalar. Pretende-se, ainda, fazer o acompanhamento a médio e longo prazo dos doentes Covid por equipa multidisciplinar constituída por clínicos das especialidades de Medicina Interna, Pneumologia, Cardiologia, Fisiatria e Infeciologia, num esquema de One Day Clinic, em que os doentes serão observados, examinados e orientados durante um dia de permanência no HDS.