O combate à proliferação da vespa asiática deve ser uma responsabilidade não só dos apicultores e dos agricultores – os mais diretamente afetados pela presença desta invasora -, mas também de todas as pessoas de uma forma geral, até porque se as abelhas morrerem, é a própria vida que está em causa. Andrea Chasqueira, técnica da Associação dos Apicultores do Litoral Centro – FNAP, que dinamizou uma sessão de esclarecimento sobre este tema no dia 30 de outubro, no Centro Ciência Viva da Floresta, incentivou precisamente à união de todas as pessoas nesta fase do ciclo de vida da vespa asiática com a colocação de armadilhas um pouco por todo o lado. “É uma questão de saúde pública”, alerta, pois sem abelhas não há polinização. Com a chegada do tempo mais frio, as obreiras dos ninhos de vespa asiática morrem, ficando apenas as mães – as fundadoras dos próximos ninhos que procuram sítios abrigados para hibernarem. No entanto, esta espécie mostra que já se está a adaptar ao clima português e mesmo com frio há ninhos em atividade. “Nesta altura do ano, e para apanharmos essas fundadoras, devemos colocar armadilhas perto das colónias ou junto das heras e das cameleiras, pois têm muito néctar”, acrescenta a técnica da Associação. Estas vespas procuram hidratos de carbono, daí que as armadilhas devam ter essencialmente açúcares. De entre todos os iscos disponíveis, o mais eficaz para esta fase é o que junta água, açúcar e fermento, sendo necessária a renovação periódica do produto para uma maior eficácia. Por cada fundadora capturada nesta altura, impede-se a formação de um ninho – que pode ter de dois a três mil elementos – que começa a ser criado em março, com as primeiras posturas.
Nos meses de julho, agosto e setembro, a vespa asiática vai buscar a proteína que necessita, entre outros locais, às abelhas dos apiários. “Elas não querem a abelha em si, só querem uma parte da abelha: guilhotinam-na com objetivo de ir buscar a proteína que está junto às asas da abelha, mais precisamente no músculo”. Nesta fase, os apicultores têm de criar estratégias de proteção dos seus apiários, por exemplo recorrendo às chamadas harpas, um método que pode ficar bastante caro. Entre outros conselhos transmitidos, Andrea Chasqueira refere a importância de se terem abelhas saudáveis, com tratamento realizado contra a varroose; é aconselhável deixar crescer pasto à frente das colmeias, reduzir o tamanho da abertura da colmeia e dar alimentação às abelhas para ter apiários mais fortes.
Quanto à destruição dos ninhos, idealmente deveria ser feita à noite, com fogo e o auxílio dos bombeiros, para que as vespas não possam fazer de imediato outros ninhos. No entanto, nem sempre é possível optar por esta situação e os ninhos têm sido destruídos por outros métodos durante o dia. Sempre que um ninho for detetado, devem ser contactados os serviços da proteção civil municipal: no caso de Proença-a-Nova, até ao mês de outubro, já foram destruídos 102 ninhos. Ainda assim, de acordo com a especialista, nesta zona do país ainda não foi o atingido o pico do número de ninhos.
Na abertura desta sessão de esclarecimento, o presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, João Lobo, referiu que no próximo ano irão decorrer diversas iniciativas dinamizadas por entidades como a Pinhal Maior, CIMBB e o ICNF com o objetivo de combater a proliferação da vespa asiática. “Isso não nos inibe a nós enquanto apicultores, aqueles que querem tirar rendimento desta atividade, de nos munirmos do conhecimento e dessa forma partilhar esse conhecimento entre todos porque só assim é que conseguimos evoluir no combate a esta invasora”.