“Quem perder a sua vida salvá-la-á” é o título da conferência que o sacerdote fará no próximo domingo. A quinta e última conferência do ciclo de conferências sobre o tema do ano pastoral no Santuário de Fátima realiza-se no próximo domingo, dia 10 de abril, pelas 16h00 e terá como orador o pe. Manuel Morujão.
Quem perder a sua vida salvá-la-á é o tema desta conferência e também uma das «ipsissima verba Christi» que, segundo o pe. Morujão, é “uma ideia central da Boa Nova de Cristo. Trata-se sobretudo de uma citação autobiográfica, como legenda da vida de Jesus, que viveu a dar a vida”, refere numa entrevista à Sala de Imprensa.
“Partindo da lógica de Deus que desafia o egocentrismo humano, apresentarei o feliz paradoxo evangélico: perder a vida para a salvar, com as suas consequências práticas na nossa vida quotidiana”, afirma.
“A figura e o exemplo de Maria não poderão ficar esquecidos, ela que é a Nossa Senhora da Visitação em Fátima, descentrada de si mesma e centrada no serviço amoroso de todos nós seus filhos. Os pastorinhos de Fátima serão também lembrados como modelos da arte de perder a vida para sermos salvadores”, destaca o sacerdote, que é reitor da Comunidade da FacFil/AO, em Braga. Há uma ligação perfeita entre a proposta para este ano temático do Santuário de Fátima Eu vim para que tenham vida e o tema da conferência Quem perder a sua vida salvá-la-á pois “para ter vida em abundância é preciso viver a oferecê-la”, refere o pe. Morujão.
“O egoísta centrado em si mesmo, talvez sendo milionário e vivendo no luxo, é um pobre de alegria e realização em cheio, que só está na doação e na entrega de nós próprios. Quanto mais nos damos mais rica é a nossa vida. Só quem se perde na entrega serviçal é que se encontra a si mesmo”, sublinha. O conferencista explicita, ainda, o significado contido na expressão “perder a vida”: “significa libertar‑se do egoísmo, da idolatria do eu, de «sair do próprio amor, querer e interesse», usando uma expressão dos Exercícios Espirituais de S. Inácio. Esta lógica evangélica encontramo‑la na conhecida oração de S. Francisco de Assis: «É dando que se recebe… É morrendo que se vive para a vida eterna»”.
À primeira vista este versículo evangélico pode parecer exclusivista pois parece centrar-se naqueles que deixam tudo para seguir Jesus, explicita o sacerdote. No entanto, o pe. Morujão esclarece que “Jesus se dirige aos que aceitam segui-lo, indicando as condições, independentemente do próprio estado de vida”. O conferencista destaca, de resto, a ideia de que “quem constitui a sua própria família também tem que seguir a mesma regra: perder a sua vida para a salvar; perder a vida na doação generosa ao próprio marido ou à sua esposa; perder a vida, superando todo o egoísmo, no amor e serviço dos filhos e de todas as pessoas que for encontrando”.Em declarações à sala de imprensa o Pe. Morujão afirma que podemos esperar “algo de muito simples” da sua conferência.
O Pe Manuel Morujão é autor de várias publicações, entre elas “Celebrar e praticar a misericórdia”; é sacerdote jesuíta e ex-Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa.Esta será a última conferência do ciclo proporcionado pelo Santuário de Fátima a todos quantos quiseram aprofundar e vivenciar melhor o tema deste ano Pastoral. A primeira conferência deste ciclo sobre o tema do ano – “Eu vim para que tenham vida”- realizou-se dia 13 de dezembro e teve como orador o diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, João Duarte Lourenço, que apresentou o tema “O meu espírito alegra-se em Deus, meu Salvador”, numa reflexão a partir do Magnificat. A segunda comunicação teve lugar no passado dia 11 de janeiro pelo teólogo Pedro Valinho Gomes com o título “Em vós está a fonte da vida” e cujo ponto de partida foi a parábola de Jeremias- Jr 2,13-, em que o povo abandona as nascentes de águas vivas para construir cisternas rotas. A terceira conferência foi no dia 14 de fevereiro e teve como conferencista Alexandre Palma, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. A quarta conferência foi no dia 13 de março e teve como orador o Pe. Luís Pereira da Silva que apresentou o tema “Alegremo-nos e façamos festa”. A entrada é livre e aberta ao público em geral.