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OURÉM – Paulo Fonseca despede-se da população: «Tenho a honra de ter sido afastado de mãos limpas e consciência tranquila»

Paulo Fonseca, o ainda presidente da Câmara de Ourém, despediu-se da população do concelho que geriu durante os últimos oito anos. Numa carta publicada no site do Município, o autarca – que foi impedido de se recandidatar por se encontrar em processo de insolvência pessoal – diz que tem «a honra de ter sido afastado de mãos limpas e de consciência tranquila… porque a honra do serviço público deve obediência ao cumprimento de valores incontornáveis como a honestidade ou o respeito pelo bem comum», sublinhando que deixa o «nono concelho do país que mais baixou a dívida municipal, as contas públicas saudáveis e cerca de 40 milhões de euros de investimento aprovado com fundos Europeus». Paulo Fonseca refere que perdeu «meia dúzia de amigos» e que está «grato por isso pois, na verdade, eram falsos amigos». O ainda presidente da Câmara de Ourém diz que lhe fizeram «coisas» e que sabe «muito bem como foi e quem foi». Contudo afirma-se «tolerante, embora não sofra de amnésia».

Eis o texto de Paulo Fonseca, na íntegra: «Escrevo, pela última vez, aos Oureenses, na minha qualidade de Presidente da Câmara Municipal da nossa terra. Faço-o com mágoa pelas circunstâncias dos últimos tempos mas faço-o com alegria, também, por ter tido a oportunidade de servir a minha terra na Presidência do Município, honra suprema que só o amor compreende. Foram oito anos muito duros, nos quais, mal tive oportunidade de projetar o futuro com o entusiasmo que merece o Povo da nossa terra. Lembrei-me muitas vezes do Marquês de Pombal quando, no seguimento do terramoto de 1755, teve de redefinir prioridades e concluir que, perante as circunstâncias, era preciso primeiramente ajudar os vivos e enterrar os mortos. E só depois reconstruir o país.

Tenho a honra de ter sido afastado de mãos limpas e de consciência tranquila… porque a honra do serviço público deve obediência ao cumprimento de valores incontornáveis como a honestidade ou o respeito pelo bem comum. Deixo o nono concelho do país que mais baixou a dívida municipal, deixo as contas públicas saudáveis e deixo cerca de 40 milhões de euros de investimento aprovado com fundos Europeus. Saio com a alma cheia de emoções, com a convicção de que cumpri o meu dever pelo amor à nossa terra. Tenho orgulho nisso, confesso.

Neste tempo perdi meia dúzia de amigos e estou grato por isso pois, na verdade, eram falsos amigos. Mas ganhei muitos mais amigos e, portanto, saio mais preenchido pelo bem maior da vida que é a dignidade e o respeito dos outros. Quero declarar-me apaixonado pela nossa terra. E fiz da minha vida a missão intrépida de o declarar com gestos e acções. Também sei, sem falsa modéstia, que Ourém é hoje um concelho diferente. Mais moderno e conhecido, cheio de potencial para se renovar e se projetar cada vez mais, com condições de partida excelentes que não podem perder-se.

Fizeram-me “coisas”. Sei muito bem como foi e quem foi. Contudo, sou tolerante, embora não sofra de amnésia. Sou um guerreiro do bem e assim serei toda a vida mas terei mais cuidado com as intempéries da condição humana. Tenho orgulho na nossa terra e ouso deixar um apelo. Igual ao que fiz tantas vezes. Por favor unam-se. Saibam juntar esforços para que possamos vencer as batalhas da construção do futuro. Saibam perceber que há um caminho óbvio para vencer….embora nem sempre seja um caminho populista….

Ouso, também, deixar uma afirmação profundamente convicta. Por favor percebam que hoje o concelho tem mais dinâmica empresarial, mais emprego, mais qualidade de vida, mais robustez social e que a sementeira de tudo isso se chama internacionalização. Por favor sejam felizes e manifestem orgulho nas coisas (e nas pessoas) do concelho de Ourém.

Ah, já me esquecia… Lutem contra o principal defeito da nossa terra : a divisão subjetiva entre Fátima e o resto do concelho. Quanto melhor estiver Fátima, melhor estará todo o concelho e quanto melhor estiverem as restantes freguesias, melhor estará Fátima.

Um abraço grande e emocionado do Paulo Fonseca».