Início ECONOMIA OPINIÃO – Sustentabilidade do país e das regiões, por José Rogério

OPINIÃO – Sustentabilidade do país e das regiões, por José Rogério

Com as alterações climáticas, pandémicas e económicas emergentes no mundo e na europa, é natural que Portugal e as suas regiões sofram os impactos negativos das tempestades e crises que elas provocam, atingindo a população e a sua sustentabilidade como mostra a pesada divida externa nacional.
Além disso, os vários contrastes sociais, profissionais e salariais já existentes no país tenderão a agravar-se, pois a pandemia arrastou mais de 400.000 pessoas para o limiar da exclusão social, aumentando a taxa de risco de pobreza em 25%, havendo hoje cerca de 2,3 milhões de pobres em Portugal.

Para complicar o problema, segundo o INE, nas próximas 4 ou 5 décadas o país e as regiões perderão cerca de 2 milhões de pessoas; o número de jovens diminuirá quase meio milhão e os idosos passarão de 2,2 milhões para 3 milhões de pessoas, “corroendo” a sustentabilidade do modelo de segurança social. Entretanto, o país continua a ter défices educativos e formativos que ameaçam o desenvolvimento económico e social, sendo necessários investimentos em inovação e produtividade capazes de alterar a estrutura produtiva e as atividades de valor acrescentado, às quais o PRR poderá dar alguns impulsos.

Depois, acontece que as novas plataformas tecnológicas, apesar de ligarem as pessoas e de lhes darem capacidade de iniciativa e oportunidades de negócios, também geram “stress” e insegurança no emprego, rendimentos incertos, perda de direitos sociais e descontinuidade nas carreiras profissionais. Mas, no caso de retoma industrial os efeitos da automação (estimados em 14%) e da digitalização (avaliados em 32%) sobre o mercado de emprego poderão contribuir para a destruição imediata de muitos postos de trabalho, mas a médio e longo prazo o avanço tecnológico induzirá um saldo positivo do número de empregos.

Ora, Portugal e as regiões estão confrontadas com uma “anemia” económica, pois nos últimos 20 anos só cresceram em média 1% ao ano, enquanto que a Irlanda (equiparada ao nosso país) cresceu 5% ao ano, sendo o salário liquido médio deste país o dobro do que recebem os trabalhadores nacionais.
Neste quadro, subscrevemos as perspetivas dos analistas económicos que consideram, entre outras coisas, que o país está a investir dinheiro público em despesas correntes em vez de fazer as reformas e os investimentos estruturantes que permitem a criação de maior riqueza. Por fim, acrescentam os analistas que, em lugar da melhoria da produção e produtividade do país, os governos estão a “espremer” a riqueza existente, tirando aos cidadãos que pagam impostos (cerca de 50%) para darem aos que pouco ou nada têm, sem criarem as condições para estes saírem do ciclo de pobreza e pondo em “cheque” a sustentabilidade das regiões.

PS: Apesar de tudo, devemos ter alguma esperança no futuro, desejando boas festas e um ótimo 2022 aos ouvintes, leitores e trabalhadores da Rádio Hertz, recomendando a adoção das medidas de proteção e segurança contra esta severa pandemia.