O colóquio “Qualidade da aguardente de medronho e outras potencialidades”, ocorrido na manhã no passado dia 29 de outubro, integrado na Mostra do Medronho e da Castanha, revelou-se um momento muito participado por uma plateia bastante interessada – oriunda dos mais variados pontos do país – que não quis faltar a esta jornada técnica. A atestar a pertinência da temática e a excelência do painel de oradores, na ocasião participaram vários técnicos da área, docentes da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, produtores de medronho e industriais do setor. Presente esteve também o presidente da Associação dos Produtores de Aguardente de Medronho do Barlavento Algarvio, José Paulo Nunes, o qual enalteceu a iniciativa e pôde realizar alguns contactos promissores. No exterior e durante os dias de realização do certame, a produção ao vivo de “medronheira”, levada a cabo pela ARCVASO, dava ao acontecimento um toque lúdico-didático, o qual foi registado e apreciado por todos os participantes. Naquela que foi a décima edição de um evento que é já uma referência, a iniciativa pretendeu privilegiar a produção de aguardente de medronho, tentando minimizar algum desconhecimento existente por parte de produtores e consumidores, ao mesmo tempo que pretendeu dar enfoque à questão da qualidade da aguardente enquanto elemento diferenciador e catalisador de potencialidades para a fileira.
A sessão foi aberta e moderada pelo presidente da Câmara Municipal de Oleiros, Fernando Jorge, o qual contribuiu ainda com a sua experiência na área da Medicina. O painel de oradores era composto por especialistas como Ludovina Galego, da Universidade do Algarve, Ilda Caldeira, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Goreti Botelho e Filomena Gomes, da Escola Superior Agrária de Coimbra e Paulo Silva, sócio-gerente da bem-sucedida empresa Oleirense SILVAPA, os quais esclareceram e sensibilizaram os muitos interessados no assunto. As boas práticas do fabrico, a definição de uma aguardente de qualidade, a caracterização e o envelhecimento da “medronheira”, a distinção entre aguardentes envelhecidas e preparadas ou uma súmula dos vários projetos de investigação científica que têm sido desenvolvidos em torno da fileira, foram temas abordados por alguns dos maiores entendidos na matéria, a nível nacional. Recorde-se que a aguardente de medronho de Oleiros faz parte da identidade cultural e gastronómica do concelho e representa uma tradição secular que tem vindo a passar de geração em geração. Valorizar este legado é uma premissa importante para a sua diferenciação e afirmação, dando a este produto endógeno o posicionamento que merece.