Realizou-se no passado dia 16 de julho, em Oleiros, no Auditório da Sociedade Filarmónica Oleirense, o Fórum “Oleiros: Floresta de Oportunidades”. A iniciativa do Município de Oleiros e do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) era aberta a toda a população e contou com a presença de uma centena de participantes. O encerramento desta sessão que se revelou de elevado interesse, esteve a cargo do Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto. O primeiro painel, moderado por João Pinho, vice-presidente do ICNF, deu especial enfoque a alguns modelos de silvicultura. Na ocasião, o moderador realçou as potencialidades da floresta de Oleiros, referindo que “muitas estão já concretizadas”. O dirigente referiu a importância do índice de floresta per capita, abordou a dicotomia entre floresta de produção e de conservação e lançou para a mesa a reflexão sobre o valor da floresta, “numa região que se situa nas imediações da bacia hidrográfica do Castelo de Bode, sendo responsável pela qualidade da água que abastece a região da Grande Lisboa. A abrir as comunicações, Carlos Cupeto, da Universidade de Évora, numa muito apreciada exposição, realçou que “o valor da floresta não se esgota na madeira”, afirmando mesmo que “o momento é de grande oportunidade e Oleiros tem tudo para o aproveitar. O difícil é não o fazer”. O orador deu especial enfoque à economia verde, numa dinâmica inerente aos ecossistemas que assenta na utilização eficiente dos recursos, indo “muito para além dos sacos de plástico”. Este conceito circular que congrega setor florestal, turismo e educação, “permite a criação de novas atividades económicas na região, o chamado “up local”, garantido através da consideração dos ativos ambientais e das potencialidades existentes e da introdução de novos fatores de competitividade e da ecoinovação em práticas empreendedoras”. A fechar este primeiro painel, Maria Margarida Ribeiro, da Escola Superior Agrária de Castelo Branco abordou um modelo de silvicultura bastante promissor no território, numa apresentação sobre a dinâmica florestal do medronheiro. O segundo painel, moderado por José Santos Marques, presidente da Assembleia Municipal de Oleiros e representante dos municípios portugueses no Conselho Executivo do Ano Internacional das Florestas, abriu com a intervenção de Carlos Pinto Gomes, da Universidade de Évora, o qual revelou um impressionante conhecimento do concelho. Segundo o especialista em biofísica, “Oleiros é um território de elevada originalidade, conseguida através de um solo xistoso e um bioclima marcado pela presença de humidade”, ou o topónimo de Oleiros não derivasse de “olhos d´água”. O orador alertou ainda para a necessidade de criar descontinuidades e para algumas problemáticas como a invasão de exóticas, a erosão dos solos ou o despovoamento que leva à suscetibilidade do território. Esta apresentação debruçou-se ainda sobre alguns bioindicadores e sobre a vegetação potencial do concelho, dando destaque para a presença de espécies como o carvalho alvarinho, o medronheiro ou o azereiro, referindo que “a região de Oleiros tem 90% das comunidades de azereiro do mundo”. A encerrar o último painel, Conceição Ferreira, do ICNF e representante daquela entidade no Conselho Executivo do Ano Internacional das Florestas, começou por distinguir as fileiras industriais (madeira, cortiça e papel) das emergentes (biomassa, resina e outros subprodutos da floresta). A oradora alertou também para as ameaças da erosão dos solos e do avanço de espécies invasoras. Conceição Ferreira realçou ainda que “o setor florestal gera um valor económico líquido de 1134 milhões de euros” e pode distinguir-se nas suas múltiplas funções: produtiva, de proteção, de recreio e enquadramento na paisagem, de silvopastorícia caça e pesca e de conservação de habitats, espécies de fauna e flora e geomonumentos. Segundo a própria, a área florestal per capita em Oleiros (cerca de 3 ha/habitante) está muito acima da média nacional (0,31 ha/habitante). Nesta apresentação foi ainda referido que no concelho de Oleiros existem três Zonas de Intervenção Florestal (ZIF´S) delimitadas. Numa sessão que abriu com a temática da economia verde, a abordagem ao sequestro de Carbono não poderia faltar e foi referido que “a floresta de Oleiros, no ano de 2010, sequestrou 258 mil toneladas de Carbono”. Como já foi referido, este Fórum foi encerrado pelo Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, o qual realçou em Oleiros que o setor florestal dá um contributo importante ao nível das exportações. “Temos que olhar de outra forma para os recursos naturais do país”, afirmou, considerando que o país viveu muitos anos a olhar para as áreas protegidas apenas numa lógica de conservacionismo. “Temos 46 áreas protegidas que abrangem mais de 80 concelhos do país, mas o turismo de natureza e cultural tem crescido a passos largos”, acrescentou. O governante disse ainda que no programa comunitário ‘Portugal 2020’ existem medidas para o investimento nesse capital natural e cultural: “É esse trabalho que temos que fazer”.