Os resultados da primeira fase de testes para auferir a viabilidade da extração da resina numa parcela de pinhal na Isna, concelho de Oleiros, ultrapassaram todas as expectativas. Feita uma primeira avaliação sobre a quantidade de resina obtida na campanha que se iniciou em abril e terminou no início de novembro, Marco Ribeiro, presidente da Resipinus – Associação de Destiladores e Exploradores de Resina e responsável pela Raízes In, entidade parceira neste projeto de investigação, indica que a resina extraída de forma tradicional em cada um dos 60 pinheiros bravos “ultrapassou o valor da média nacional de produção que se situa em cerca de um quilo e meio por bica, no primeiro ano de exploração. Na Isna, foram retirados os sacos e pesada a resina tendo cada pinheiro originado valores que rondam dois quilos desta matéria”. Este projeto está a ser desenvolvido desde abril por um consórcio constituído por 37 entidades, liderado pelo Forestwise – Laboratório Colaborativo para Gestão Integrada da Floresta e do Fogo. A entidade responsável pelo desenvolvimento dos ensaios é a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em conjunto com a empresa Raízes In. O projeto, seguido por um engenheiro florestal e dois resineiros da freguesia da Isna, visa aperfeiçoar também as técnicas de exploração de resina. Na segunda campanha que se iniciará em março de 2024, vai ser dada continuidade à extração de resina em modo tradicional nos mesmos 60 pinheiros. “Temos a estimativa que numa segunda campanha aumente a produção entre 30 a 40 por cento. Assim, é de esperar que os valores obtidos na Isna sejam ainda mais satisfatórios no próximo ano”, adianta Marco Ribeiro. Um outro ensaio que se iniciará no próximo ano, em 60 pinheiros também na Isna, vai testar outras formas de extração de resina, utilizando, por um lado, um sistema fechado que pretende aumentar a qualidade da resina obtida e por outro, utilizando novos estimulantes biológicos que aumentem a sua produção. Para o Presidente da Câmara Municipal de Oleiros, Miguel Marques, os primeiros dados obtidos por estes ensaios acabam por não surpreender. “Temos a plena consciência do potencial desta mancha de pinheiros bravos e o que ela pode representar, em rendimento, para os proprietários. Ficamos muito satisfeitos com os bons dados obtidos e esperamos que assim continue. Será um grande desafio e uma oportunidade para muitos proprietários que a floresta volte a gerar rendimento para se tornar sustentável”, acrescenta. Este projeto de ensaios integra o RN21 – Inovação na Fileira da Resina Natural para Reforço da Bioeconomia Nacional e é cofinanciado pelo Fundo Ambiental através da Componente 12 – Promoção da Bioeconomia Sustentável dos fundos europeus atribuídos a Portugal pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A par de Oleiros, estão a decorrer ensaios em parcelas de pinhal em Vila Pouca de Aguiar, Nazaré, Cantanhede e Amareleja.