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FERREIRA DO ZÊZERE – Voluntários limpam margens do Açude da Laranjeira na freguesia de Chãos

Há uns anos, mercê de um projeto financiado a Câmara de Ferreira, aproveitou a ribeira de Ceras/Chão das Eiras que tem uma boa nascente nos Catrinos, para na zona da Laranjeira (freguesia de Chãos) construir um açude de elevado porte, que seria no futuro utilizado para abastecimento de hélis do combate aos fogos e zona de lazer para banhos. Sempre cheio de água, há memória de ter sido usado pelos meios aéreos, e ali se deram muitos banhos. Porém passado uns tempos foi deixado ao abandono, sem que no inverno, se abram as comportas para drenagem de lixos e areias, mesmo que isso já tenha sido, mais que uma vez, solicitado pela Junta de Chãos nas Assembleias Municipais em Ferreira, conforme refere o seu presidente Edmundo De Freitas. Ali ficou esta espécie de “elefante branco” que não tem uso e ecológicamente e a nível de vida piscícola, tornou-se um obstáculo, para a subida das espécies de bogas, barbos e enguias, pois no inverno a câmara de Ferreira não manda abrir as comportas. Contribui para que a vida piscícola tivesse desaparecido, pois descargas poluentes a montante e a alguns quilómetros no Inverno, matam o peixe residente e o mesmo não se pode renovar vindo do Nabão. Tanto peixe que ali havia, tanto peixe se pescou, nesta Ribeira… tanta enguia. O Açude da Laranjeira, o abandono é tal que o arvoredo, ervascal, balsas, já quase que não deixavam ver o vasto espelho de água. Enquanto algumas autarquias (Câmaras) dão aproveitamento a estas riquezas naturais, por estas bandas há um desleixo, o abandono, pois a Laranjeira tem dois ou três moradores e isto fica escondido entre as Jamprestes e o Chão das Eiras, fazendo fronteira com os Calvinos.

Daí que estes jovens amantes da natureza e da ribeira, todos residentes na freguesia de Chãos, deram uma lição de cidadania, o Fábio Henriques de Jamprestes; Jorge Ribeiro, César Henriques, José Carlos Marques, andaram todo o santo dia de Santo António, por sinal dia do concelho a limpar e mostrar aos autarcas, e ao Ministério do Ambiente que tutela as linhas de água, que um espelho de água destes pode ser muito útil para abastecer aeronaves e a rapaziada se banhar. Refere Fábio Henriques (na foto) ” Em linhas gerais, é um ponto estratégico para o combate a incêndios florestais, abastecimento de helicópteros, não só para a nossa freguesia mas para a zona em redor, Casais/Alviobeira, Além da ribeira/Póvoa, etc. . Nesta ação de limpeza, o presidente da Junta de Chãos- Edmundo Freitas refere que não tem jurisdição nem competências sobre a ribeira, refere que à junta nada foi pedido de ajuda a esta ação destes jovens; que é de enaltecer, mas que podiam ter pedido colaboração à junta, pois só soube, da ação via face e que ele, como autarca mais que ninguém gostaria de ver esta ribeira limpa e cuidada e este açude, ao serviço da população e de apoio aos fogos!

A lei não clarifica, nem define competências às juntas de freguesia sobre rios e ribeiras, nem às câmaras. É o Ministério do Ambiente através da Agência Portuguesa do Ambiente, tutela estes espaços, mas o açude da Laranjeira foi um projeto da Câmara de Ferreira do Zêzere, daí o dono da obra ter as suas responsabilidades, no açude. Espera-se que os fundos prometidos pelo governo via Ministro Ambiente sejam conseguidos e aplicados e que se defina uma vez por todas as competências da Câmara sobre as linhas de água e que sejam feitos protocolos com as juntas que confinam com estas ribeiras, pois sabe-se bem que uma junta de freguesia consegue sempre uma melhor rentabilidade dos investimentos e custos mais baixos e esta é parte do seu território. Qualquer junta recebendo competências e verbas certamente terá orgulho em ter as suas ribeiras e ribeiros zelados. Seja a Junta de Chãos, Além da Ribeira/Pedreira, Alviobeira Casais e Areias/Pias. Com o devido “envelope financeiro” podem a exemplo dos caminhos rurais, manter e conservar. Dizer que a responsabilidade de limpeza recai sobre os proprietários confinantes é não saber que grande parte das propriedades são heranças indivisas, terrenos que nem se sabe quem são os donos, não registados nas Conservatórias… há muito abandonados.

Quem vai obrigar a limpar?
Os tempos de hoje não são os de agricultura intensiva de há anos.

Este é o futuro! Que se legisle e que Ministério do Ambiente via Agência Portuguesa do Ambiente, faça a transferência de competências às Câmaras, pois se assim não for nada se vê em termos manutenção. Registe-se que na altura da construção deste açude, a Câmara de Ferreira deveria ter expropriado os terrenos de particulares confinantes, o que nunca se verificou e o investimento podia ser muito mais aproveitado. Aqui poderia ser um possível ponto turístico, não só para banhistas como para quem quer passear pela natureza flora e fauna, devido há quantidade de açudes e regatas de água em tão aprazivel espaço, um verdadeiro paraíso por descobrir está Ribeira. Não venham com a história que a água não presta. Tem sempre utilidade e há que acabar com os focos poluidores. Em tempos bebíamos água das levadas. “E devido a falta de resposta das autoridades competentes decidi por mãos há obra, convidando populares há limpeza” refere o Fábio Henriques mentor deste voluntariado. Quando tanto se fala em termos de Proteção Civil, dos pontos de abastecimento de água a negligência no abandono deste investimento na altura construído com determinadas finalidades e havendo necessidade a qualquer momento, não se explica!

O governo anuncia investimentos para limpar e reabilitar linhas de água

O Ministério do Ambiente, já anunciou que vai avançar com um programa de reabilitação de leitos e margens de ribeiras em todo o país que deverá abranger cinco mil quilómetros de linhas de água e um investimento global de 75 milhões de euros, ao longo dos próximos anos. A iniciativa multiplica por cinco o trabalho realizado após os incêndios de 2017, que permitiu intervir, com soluções de engenharia de base natural, na recuperação de quase mil quilómetros de galerias ripícolas em 57 concelhos do Centro e Norte do País. O concelho de Ferreira do Zêzere pode ser contemplado 735 mil euros. Em declarações aos jornalistas, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes adiantou que o programa de reabilitação de ribeiras avançará mal o país ultrapasse a actual situação de pandemia de covid-19, e será aberto a iniciativas em todo o país, já sem uma relação específica com territórios afectados por fogos rurais. O dinheiro poderá até ser aplicado em zonas urbanas, mas tudo dependerá do valor ambiental dos projectos pois, explicou, a intenção passa não apenas por renaturalizar cursos de água mas reabilitar, nas suas margens, as galerias ripícolas para as quais, em contexto urbano, muitas vezes já não há espaço. Para o concelho de Ferreira estão anunciados 735 mil euros, enquanto o de Tomar nem aparece na listagem. Resta esperar e confiar que esta não seja uma mera promessa governamental ou que os fundos não se fiquem pela burocracia de as câmaras aos mesmos poderem aceder. António Freitas