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FERREIRA DO ZÊZERE – “Visita da Imagem peregrina a Ferreira do Zêzere em 2015”: Um livro que testemunha uma fé vivida por um povo de um concelho durante quatro dias

Em 2015 mais precisamente há 3 anos e durante quatro dias (de 30 de Abril a 2 de Maio) o vasto concelho de Ferreira do Zêzere, conhecia uma mobilização popular em torno da fé, que certamente teria tido, 58 anos antes, quando a “imagem peregrina de Nª Srª de Fátima”, voltava ao concelho. Cinquenta e oito anos é muito tempo e os tempos de 1957, não são os tempos de 2015, em que as aldeias tinham muita mais população, gente com menos conhecimentos, posses, mas talvez com maior fé, nas questões do divino e de toda a mística que a vinda de uma imagem peregrina encerra. Antes em 1947 a imagem peregrina tinha estado no concelho antes da partida para alguns países europeus. Se em 1957 a imagem peregrina esteve uma semana em cada freguesia, neste ano de 2015 foi uma “corrida contra o tempo” mas no timing certo e numa mobilização do povo deste concelho jamais vista ou registada! A ideia segundo o jovem padre da região “bairradina” João Pedro Silva, aqui colocado há 3 anos e segundo o mesmo partiu das gentes de Paio Mendes e foi desafiado ou convidado pelo povo a trazer ou promover a vinda da imagem que alguns já idosos, recordavam com nostalgia e assim o mesmo propôs às 9 paróquias esta acção e recorda ” foi no contexto da vivência do segundo ano de execução do Plano Pastoral Diocesano, ou seja antes que se falasse da passagem da imagem peregrina pelas Dioceses Portuguesas no contexto do centenário das aparições”. Tive o prazer de registar um dos momentos da entrega da imagem de um paróquia, para outra numa noite e vi, toda a movimentação e fé de um povo e o cuidado dispensado em ornamentações. Porém quem viu e registou, mais que qualquer jornalista da imprensa regional, foi o bibliotecário- Armando Cotrim que fez um trabalho notável em registo de imagens e divulgação de vídeos no seu “Região do Zêzere” e assim mostrou a quem está emigrado ou fora do concelho, o que se passou nestas terras e em todas as capelas e igrejas do concelho. Um trabalho dedicado, feito por “amor a Maria” e ao seu concelho e enriquecido por muita foto que hoje qualquer um de nós regista com telemóvel e coloca no face book. Mas Armando Cotrim queria ir mais longe e sonhava editar um livro. Um livro é um livro, pois imagens do face book vão para registos que jamais se consegue descobrir passado uns tempos, e imagens registas e impressas em Livro, bem como foto impressas em papel, são memórias que se guardam e se tem sempre á mão. É a prova documental! Por esse motivo resolveu editar um livro, que tem os seus custos, o livro pelas imagens regista emoções, ornamentações em fotografias e vídeos que estão alojados em plataforma online e que se acede ligando um telemóvel com Q Code à Internet e se vê as imagens em movimento com os sons associados. Para isso contou com o apoio de uma Fundação que tem feito e continua a fazer em prol da cultura neste concelho – A Fundação Maria Dias Ferreira e com revisão da Cátia Salgueiro e paginação da Sylvie Lopes e apoio à impressão e acabamento do grande industrial gráfico da Igreja Nova sediado em Prior Velho O Manuel Ribeiro e com uma edição de 500 exemplares o livro nasceu. Se a vinda da imagem foi um momento marcante, marcante foi o lançamento do livro no passado dia 13 de Julho no Centro Cultural de Ferreira com uma salão com cerca de 200 pessoas, vindas de todo o concelho e que fizeram uma fila de mais de 30 metros, e durante cerca de 40 minutos o Armando feliz a escrever as dedicatórias a quem comprava com prazer ( custa 12,00) o livro de memórias. Presente, como não podia deixar de ser, vindo agora das suas paróquias na Bairrada; o padre João Pedro Silva e com momentos musicais de grande qualidade, de jovens músicos, como OpuiSpiritum Esemble. O livro foi apresentado, em palco, mas na plateia cerca de 150 exemplares, eram folheados. O livro não pretende ser um obra literária, e uma narrativa cronológica da passagem da imagem, pelas diversas capelas, igrejas e lares, em que as fotos ocupam e bem o seu maior espaço de 300 páginas e em que podemos ver imagens mais pequenas, tiradas por telemóveis ou máquinas menos profissionais ou o olhar mais pormenorizado de profissionais da imagem, ao lado e muito boas imagens, grandes retratos, da Foto Leitão que, no seu todo são um testemunho valioso, e em que valem mais que as mil palavras, como se diz na gíria jornalística. Armando Cotrim, que neste concelho é muito mais que um funcionário da biblioteca e que mexe com a informação do seu concelho e com acções que em muito o dignificam como homem, dedicou este livro á sua esposa Ana Cristina Moura Lopes e às suas duas filhas Rita Lopes Cotrim e Sara Cotrim e agradeceu a todos os que tornaram possível esta edição, pois para além do se vasto trabalho de recolha e compilação, a ordenação dos factos com vista a um livro, não é fácil, ocupa muitas horas, tem os seus custos, mas é reconfortante e como dizia o filósofo o Armando conseguiu as três coisas que caracterizam um homem, ” plantar uma árvore, fazer um filho, escrever um livro”. Adélia Bimbas a mais jobem poeta do concelho ( com os seus 80 e muitos anos) leu uma poesia sua, alusiva à visita da imagem a rematar um noite memorável que fica na história das gentes de Ferreira e não deixou de frisar que teve o prazer de que viu três vezes a Imagem peregrina no seu concelho, em 1947, 1957 e 2015. Só alguns com a graça de Deus e fé se podem enaltecer disso, num espaço de tempo tão longo. António Freitas